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Momento cultura

Started by feles, Mar 12, 2007, 22:54:48

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feles

Me deparei por esse velho Verissimo sem querer hj:


Um homem tem uma daquelas dores de barriga intransferíveis e entra num toalete público. Pairando sobre o vaso - nunca sentar num toalete público é o único conselho da sua infância que ele ainda aproveita -, lê um poema escrito na parede e se surpreende. O poema é bom. Sério, nada a ver com o local ou com a sua atividade no momento. Mas o poema está inacabado. A última frase termina abruptamente. "E neste deserto." Assim, sem reticências, sem nada. Com reticências a frase poderia ser o fim do poema. "E neste deserto..." O leitor que inferisse o resto. Mas não há reticências, nem ponto. O poeta acabara o que estava fazendo e fora embora. Ou deixara cair o lápis. Ou simplesmente perdera a inspiração. Pena. Era um bom poema.

O homem usa um telefone público para avisar que se atrasou, mas já está chegando. Não fala na dor de barriga, fala num "imprevisto". E, de repente, nota que há um poema escrito a lápis na parede atrás do telefone. A continuação do poema do banheiro! O começo deste, "onde nos saciamos de ausências", encaixa no fim do outro. "E neste deserto onde nos saciamos de ausências" faz sentido. Pelo menos um sentido poético. A letra é a mesma. E este poema também está inacabado. A última frase é: "Quando chegares." Sem ponto. E sem reticências.

O homem vê que há alguma coisa escrita na parede do elevador em que sobe para o seu compromisso. A letra parece ser a mesma, mas ele hesita em chegar perto para ler. Finalmente, não resiste. Chega perto. E vê que é a continuação do poema. A primeira frase, "encontrarás o que não somos mais", completa a última do outro. Calma, pensa o homem. Tudo isto tem uma explicação lógica. Ele não pode imaginar qual seja, mas tem que haver uma explicação lógica. O poema do elevador também termina com uma frase interrompida. "O que já estava escrito."

O homem se desculpa pelo atraso, senta-se na frente do outro e fica em silêncio, pensando "Conto ou não conto?" Decide contar.

- Me aconteceu uma coisa estranha na vinda para cá. Entrei num banheiro público e...

- Por que?

- Como?

- Por que você entrou num banheiro público - Bom, é que me deu uma súbita dor de barriga.

O outro sorri e diz:

- Você não acha isso significativo?

- O que?

- A caminho da sua primeira consulta comigo, você tem uma súbita dor de barriga. Muita gente se refere a sessões comigo como "pôr os podres para fora". Inconscientemente, você temia o encontro comigo. Teve a dor de barriga para adiar o encontro. E para pôr os seus podres prematuramente para fora e chegar aqui sem nada para me revelar. O que você acha disso?

Mas o homem não está ouvindo. Viu, pela janela, um imenso outdoor no topo de um prédio vizinho, com um poema escrito. A primeira frase do poema é "muito antes da escrita". O fim da última frase do poema do elevador. "O que já estava escrito muito antes da escrita." O poema do outdoor continua:

"Quando nossa tribo lia sua história num véu E seu destino no céu E leões comiam das nossas mãos.

Traz contigo quando vieres."

O poema do outdoor termina aí. "Traz contigo quando vieres."

O outro repete:

- O que você acha disso?

- Pensei que psicanalista nunca falasse.

- Eu não sou um psicanalista. Pelo menos não um psicanalista comum. Foi por isso que me recomendaram a você. O que você achou da minha interpretação?

- É, pode ser.

- E o que você ia me contar? O que aconteceu de estranho na sua vinda para cá? Além da súbita dor de barriga?

- Nada, nada.

No fim da consulta o outro receita um antidepressivo e diz para o homem voltar na semana seguinte, sem a dor de barriga preventiva. O homem procura, mas não vê outro pedaço do poema no elevador, quando desce. Mas quando desdobra a folha do receituário o homem vê o nome do antidepressivo e embaixo, na letra quase ilegível do outro, a continuação do poema. "Os cântaros antigos e as vozes." O poema na receita termina com outra frase pela metade. "Vagos pilares."

Depois de comprar o remédio, estranhando que o farmacêutico não comente os versos, o homem vê escrito numa parede, do outro lado da rua, o fim da frase. "Sustentam tetos que já se foram." O homem vai para casa a pé. Não porque não tenha condução, mas porque o poema continua, escrito com spray e letras grandes, em todos os muros do seu caminho.

A última frase inacabada que lê antes de subir para o seu apartamento no décimo segundo andar é: "Troca essa cara de fantasma." No elevador tem o fim da última frase "por algo mais confortável" - e o começo de outra: "Deixa talvez um Mahler."

O homem abre a porta do seu apartamento e não se surpreende em ver escrito na parede "na secretária eletrônica". E depois: "Te despede do microondas e do peixe." O homem abre a caixa do remédio e vê escrito na bula "vai até a janela, olha para o além". O homem vai até a janela, olha para cima, e vê escrito na Lua: "E vem!" O homem pula pela janela e vai.


LFV
:P
Viver é a cada 3 dias ter vontade de se ajoelhar e chorar.

Gamersnake

Bunitin. Mas eu sou mais um Drummond. :P

A Bunda, que Engraçada

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
redunda

Prowler

Bunitin. Mas eu sou mais um Bráulio Tavares.

Poema da buceta cabeluda

A buceta da minha amada
tem pêlos barrocos,
lúdicos, profanos.
É faminta
como o polígono-das-secas
e cheia de ritmos
como o recôncavo-baiano.

A buceta da minha amada
é cabeluda
como um tapete persa.
É um buraco-negro
bem no meio do púbis
do Universo.

A buceta da minha amada
é cabeluda,
misteriosa, sonâmbula.
É bela como uma letra grega:
é o alfa-e-ômega dos meus segredos,
é um delta ardente sob os meus dedos
e na minha língua
é lambda.

A buceta da minha amada
é um tesouro
é o Tosão de Ouro
é um tesão.
É cabeluda, e cabe, linda,
em minha mão.

A buceta da minha amada
me aperta dentro, de um tal jeito
que quase me morde;
e só não é mais cabeluda
do que as coisas que ela geme
quando a gente fode.

feles

Mas aomenos tentar eu precisava :/
Viver é a cada 3 dias ter vontade de se ajoelhar e chorar.

night


Red XIII

Batatinha quando nasce...

=x
Seifer sUx

Danny Zuco

Eu curti feles, achei bem interessante.... seria legal ter mais cultura no forum XD

Entao, pra contibuir com a cultura, estou deixando esse poema de autor desconhecido!

A CRIACAO DA XOXOTA
 
Sete bons homens de fino saber
Criaram a xoxota, como pode se ver:
Chegando na frente, veio um acougueiro
Com faca afiada deu talho certeiro
Um bom marceneiro, com dedicação
Fez furo no centro com malho e formão
Em terceiro o alfaiate, capaz e moderno
Forrou com veludo o lado interno
Um bom caçador, chegando na hora
Forrou com raposa, a parte de fora
Em quinto chegou, sagaz pescador
Esfregando um peixe, deu-lhe odor
Em sexto, o bom padre da igreja daqui
Benzeu-a dizendo: "É só pra xixi!"
Por fim o marujo, zarolho e perneta
Chupou-a, fodeu-a e chamou de buceta.



Prowler

Boaaaaa Zuco... clap clap clap...

Complementando, gostaria de postar outro poema, de autor também desconhecido... mas muito sábio:

Poesia da menina tesuda

Já tenho quinze anos
Acho que estou crescendo
E quando tiver dezesseis
Já quero estar fudendo

Já está chegando o tempo
Estou ficando coxuda
Meus seios estão crescendo
E minha buceta peluda

O rapaz com quem me casar
Não quero que seja broxa
Quero mesmo que ele tenha
Uma pica comprida e grossa

E quando estiver atrasado
Conte com esta buceta
Não fica bem um marmanjão
Se acabando na punheta

E prá quem não sabe
Punheta é a maior ilusão
Você pensa que está fudendo
Mas tá com o caralho na mão

E agora eu me despeço
Fazendo bilú-bilú
Com três dedos na buceta
E dois dedos no cu.

feles

Depois de casarem o último dos seus cinco filhos, Paula contou para o marido que o encontro deles não tinha sido casual, como ele pensava.


- Que encontro?

- O nosso. Há 50 anos.

- Eu sempre desconfiei que você tinha planejado tudo, para me fisgar - disse o Osmar, rindo.

Mas Milena estava séria.

- Não planejei nada. Planejaram por mim.

- Quem?

- Eu tinha ordens para me infiltrar na sua vida. Casar com você, se fosse preciso. Acompanhar você em tudo, me informar sobre todas as suas atividades e passar a informação para eles.

- Eles quem?

- Meu casamento com você não foi um casamento, Osmar. Foi uma missão.

Osmar começou a rir de novo. Parou quando viu que Paula continuava séria.

- Mas Paula, você sempre foi uma esposa perfeita. Perfeita!

- E você nunca desconfiou disso? Uma mulher que fazia todas as suas vontades? Que nunca contrariou você em nada? Uma mulher perfeita? Eu estava apenas protegendo meu disfarce.

- Mas...E os nossos cinco filhos?!

- Sempre que eu desconfiava que você estava perdendo o interesse em mim e no nosso casamento, engravidava. Para não comprometer a missão.

- Você também foi uma mãe perfeita!

- Sou uma boa profissional.

- Como você mandava a tal informação?

- A princípio, fazia relatórios escritos e deixava em locais predeterminados. Depois comecei a registrar tudo eletronicamente neste aparelhinho que eles me deram.

- Quer dizer que você nunca foi surda desse ouvido?

- Sempre ouvi perfeitamente dos dois. Gravava tudo, depois colocava a fita no local que tinha combinado com eles.

- Mas "eles" quem?!

- Pois é.

- Como "pois é"?

- Eu não lembro mais quem eram eles. Na última vez que levei uma fita para o tal lugar secreto, a fita anterior não tinha sido recolhida. A tal missão deve ter sido desativada e não me avisaram.

- Você não se lembra para quem trabalhava?

- Não.

- E o que eles queriam saber a meu respeito?

- Também não me lembro.

- Paula, Paula...

- Bom, pelo menos educamos os nosso filhos. Estão todos casados e bem encaminhados na vida...

- Missão cumprida.

- Missão cumprida.

- Boa noite, Paula.

- Juraci.

- O que?

- "Paula" era codinome.
Viver é a cada 3 dias ter vontade de se ajoelhar e chorar.

Prowler

Não sei se fico mais espantado com o texto do feles ou o fato dele ter desenterrado um tópico de 5 anos atrás.......... hahahahaahah

Red XIII

Quote from: Prowler on Nov 14, 2012, 08:08:35
Não sei se fico mais espantado com o texto do feles ou o fato dele ter desenterrado um tópico de 5 anos atrás.......... hahahahaahah

Eu só percebi que era um topico velho dps que vi minha postagem... :lol: :lol: :lol:
Seifer sUx

Seifer Almasy

Pensei que era um tópico novo também... não tinha visto esse antes hahaha