Light Crusader

[Baha]

E terminei Light Crusader, um Action RPG focado em dungeon crawling e desenvolvido pela Treasure (Sim aquela treasure de Gunstar Heroes) para Mega Drive em 1995.

É meio difícil acreditar, ao menos no começo, que se trata  de um jogo da Treasure. O estilo gráfico sóbrio e americanizado, com personagens grandes na tela e de proporções realistas (o que deve deixar o Billy extremamente feliz) em perspectiva isométrica não parecem ter nada a ver com o estilo da empresa, mas à medida em que você vai conhecendo o jogo começa a ver os sinais de que tem o dedo deles sim.



O gameplay alterna entre combate, plataforma e resolução de puzzles. Existe uma cidade onde você começa o jogo, mas fora algumas lojas e meia dúzia de diálogos não tem nada pra se fazer lá. Assim como a história, ela só existe de desculpa pra te situar antes de te jogar direto pro gameplay principal, e nisso notamos a primeira marca da produtora (ao menos na época): Mínimo possível de enrolação.



O protagoinsta David tem à sua disposição um inventário onde você acumula principalmente itens de cura que são automaticamente usados quando necessário, além de uns itens-chave que podem ser usados, como um disfarce de goblin e documentos com dicas para puzzles. Além disso você tem espada, armadura e luvas, e encontra versões melhores à medida que avança no jogo. Por fim, existem as magias que funcionam através da combinação de 4 elementos. Cada elemento corresponde a uma magia e cada combinação possível entre 2, 3 ou todos os 4 resulta em uma outra magia. Você vai no menu, define qual será a combinação ativa e então pode usá-la com o botão A. O estoque de cada elemento é limitado e mais podem ser encontrados ou comprados como se fossem itens.



Os puzzles são legais e não possuem nada de tão especial, sendo bem fáceis de resolver, apesar de algumas vezes necessitarem que você consiga pistas em outros lugares do andar atual da dungeon, mas eu passei um pouco de raiva com o combate e as partes de plataforma. Uma segunda característica da Treasure é o quanto eles gostam de "brincar" com os limites do hardware do Mega Drive. Nesse caso há uma espécie de engine de física arcaica por trás de toda a movimentação, o que torna tudo bastante "elástico", solto e fluido, mas por outro lado sacrifica precisão. Como resultado temos um hit detection problemático no combate e uma dificuldade em acertar pulos e posicionamentos nas partes de plataforma e até em alguns puzzles que envolvam empurrar coisas.



Também há várias situações onde é fácil tirar proveito de brechas nisso para ter sucesso em algumas coisas com mais facilidade do que deveria. As vezes dá a sensação de que os desenvolvedores ficaram sem tempo ou saco pra equilibrar certas situações antes do jogo ter sido lançado.



Visualmente o jogo tem uma direção artística muito incomum para o que se espera da empresa. Parece algo criado por americanos, seguindo o estilo de arte conceitual das ilustrações dos livros antigos de Dungeons & Dragons, contando com cenários secos e sóbrios. A marca da Treasure pode ser percebida principalmente no design dos chefes, compostos por vários sprites diferentes para passar uma sensação de tridimensionalidade e fluidez de movimentação, bem como na mania de fazerem algum uso das rudimentares capacidades poligonais do console, como no caso das portas e algumas plataformas.



O som... bom, eu tinha quase esquecido do Mega Drive e seus "boings", "poings" e "plims" e o jogo usa muito isso em suas músicas. Fora esses "instrumentos" usados o estilo não lembra em quase nada os outros trabalhos da empresa, e não há nada de memorável.

Light Crusader é extremamente curto. Meu tempo contabilizado no save não chegou nem a 5 horas. Isso por outro lado faz com que valha a pena dar uma olhada, apesar de seus defeitos, pois ele me entreteve bem durante toda a duração. Quando as coisas funcionam a sensação é agradável e satisfatória.

[Billy Lee Black]

Jogo com personagens de tamanho real já me atraem, haha. Me pareceu bem legal esse jogo! Bons gráficos, nem parece mega drive.