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Shining Force II

Started by Baha, Jun 27, 2016, 19:59:55

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Baha


(imagem da capa japonesa porque a americana/européia é muito tosca. Mas o Billy provavelmente iria preferir)

Shining Force II foi lançado em 1993 no Japão, pouco mais de um ano após o primeiro da série, e assim como ele chegou ao ocidente no ano seguinte ao seu lançamento original.

Bem maior e mais trabalhado que o anterior, Shining Force II lembra bem mais o estilo de jogo que seria aperfeiçoado anos depois em Arc the Lad 2.



Gráficos

O jogo parece utilizar a mesma engine gráfica que o primeiro, e o estilo geral dos sprites e tiles é o mesmo. Apesar disso a imensa maioria dos desenhos em sí é nova, com quase nada tendo sido reaproveitado do anterior, ao menos sem alterações, e é possível notar melhorias, que vão de sutis a consideráveis, no acabamento geral dos cenários e sprites. Tudo parece um pouco mais consistente, detalhado e profissional que no anterior.



A variedade de ambientes e a complexidade dos cenários em geral aumentou de forma perceptível.

A câmera possui um efeito de atraso para seguir movimentação do seu personagem durante a exploração, o que é um efeito até que interessante, mas eu achei incômodo no começo. Felizmente eu acabei me acostumando.

Trilha sonora

As músicas de forma geral melhoraram muito com relação ao jogo anterior, principalmente o tema das cidades, que substituiu aquela coisa ridícula por uma melodia muito agradável e com bastante personalidade.

A qualidade técnica das composições aumentou bastante, fazendo mais uso das capacidades do console e perdendo em grande parte aquela sensação de músicas de 8 bits que havia no primeiro.



A variedade musical também melhorou, mas apesar disso quase nenhuma música pareceu se destacar muito e grudar na cabeça. E enquanto quase não há mais músicas ruins, a exceção é a música que toca durante a execução de uma ação em combate. Estranha e desconfortável, parece até uma coisa incompleta.

Enredo

A história de Shining Force II se passa no mesmo mundo do primeiro jogo, mas com uma enorme diferença de tempo, semelhante ao que ocorre entre os dois games da saga Lunar. Curiosamente foram lançados 2 jogos da série para o Game Gear, os quais foram compilados em um Remake para Sega CD chamado Shining Force CD, e que são continuação direta da história do primeiro Shining Force.

Dessa vez um ladrão resolve roubar as jóias erradas das ruínas erradas e acaba libertando um demônio que havia sido selado. Durante os eventos envolvendo as primeiras consequências disso, o poderoso mago Astral se encarrega de tentar conter os estragos e desfazer o erro. Bowie, o protagonista, é um pupilo entediado de Astral e decide, junto com alguns amigos, seguir escondido seu professor para matar sua curiosidade sobre os estranhos acontecimentos e conhecer o castelo de sua cidade. Nisso Bowie acaba se envolvendo com a situação e, durante um desenvolvimento desastroso de eventos, termina por uma jogada do destino se tornando uma peça chave nos futuros esforços para resolver tudo isso.



A partir daí começa uma longa jornada em busca de poder, aliados e informações para enfrentar o demônio e evitar que o mundo inteiro acabe correndo perigo.

A história tenta ser bem mais desenvolvida e detalhada que a do anterior, cheia de personagens secundários e eventos relevantes, mas no fim acaba se desenvolvendo de forma também bastante superficial. São muito poucos os personagens que possuem algum desenvolvimento extra e, seja pelo roteiro original ou pela tradução, as situações transcorrem com um tom bem simplório e raso. Não espere pela carga dramática e pela profundidade de um Final Fantasy, lembrando ao invés disso algo que pode ser visto em um anime de baixa qualidade.

Além disso alguns eventos do final surgem do nada e levam a situações completamente bestas. Nesse aspecto a história do anterior, apesar de mais simples, foi muito melhor conduzida e dirigida.



Outra coisa a se notar é que Bowie é um protagonista semi mudo, semelhante a Alex, de Lunar,  e diferente de Max que no primeiro jogo era um protagonista devidamente mudo, exceto por uma frase que ele falava no jogo inteiro. Bowie fala uma meia dúzia de coisas durante o jogo em situações irrelevantes totalmente aleatórias e decide se manter quieto em eventos nos quais alguns comentários vindos dele seriam totalmente apropriados. Não dá pra entender.

Gameplay

Mas felizmente, enquanto o enredo dá suas derrapadas o gameplay por outro lado se sai muito melhor. A base é a mesma do primeiro Shining Force tanto na exploração quanto no combate, mas várias melhorias marcam a evolução do jogo.

Exploração

A primeira coisa que pode ser notada é que o jogo abandonou a progressão "road trip" do anterior, dando um lugar a uma progressão expansiva, típica dos JRPGs da época. Agora, dentro do segmento principal do jogo, é possível explorar uma enorme região, ganhando acesso a cada vez mais partes dela à medida que você progride e sempre sendo capaz de voltar a qualquer local. Por outro lado isso me fez sentir a falta de um mini mapa, ao menos antes de eu decorar bem as direções e localizações das coisas.

Em geral você passa muito mais tempo fora de combate agora e felizmente essa parte que era deficiente no primeiro jogo recebeu um polimento maior dessa vez.



Em primeiro lugar, as principais melhorias são que a movimentação do protagonista está mais rápida e responsiva, além de agora finalmente haver um botão unificado para interação (o C), que abre seu menu apenas se não há nada diante de você para interagir. O botão A sempre abre o menu e o B é o botão de cancelamento, como já funcionava no primeiro.

A interface se tornou um pouco mais prática também. Nas lojas por exemplo é possível ver, na hora de comprar, qual a diferença que uma nova arma vai fazer no ataque de um personagem com relação à atualmente equipada, e ao confirmar uma compra é possível já equipar a nova arma imediatamente.

O protagonista não precisa mais ter espaço no inventário para procurar itens por aí. Se o dele estiver cheio o item encontrado vai automaticamente para o primeiro personagem que tiver algum slot vago.

Além disso após um certo ponto você ganha acesso a um depósito para guardar itens e desafogar os inventários de todo mundo, o que é definitivamente muito bom, já que agora há um conjunto razoável de itens para serem usados apenas em certas situações da história. Ele pode ser acessado de qualquer lugar no mapa e se existe algum limite de itens que ele comporta, eu não atingi.



A possibilidade de ir e voltar entre os lugares significa que agora há muito menos missables no jogo. A grande maioria das coisas escondidas pode ser pega a qualquer momento. Por outro lado agora há algumas coisas ridiculamente super escondidas. Em especial as 15 pedras de mithril espalhadas pelo mundo, que ficam em locais quase sempre completamente sem indicação. Para encontrar todas, ou simplesmente mais que umas 4, as únicas formas são usando um FAQ ou tendo um transtorno obsessivo-compulsivo extremamente severo.

Combate

As alterações no combate são mais sutis. Todo o processo agora parece mais ágil. Os turnos dos inimigos transcorrem mais depressa e isso dá uma sensação bem melhor. Além disso os combates em campo aberto são, em boa parte das vezes, bem melhor projetados de forma que sessões entediantes de pura movimentação sejam menos frequentes.

Todos os combates, com exceção de um combate secreto, são obrigatórios na primeira vez, mas alguns combates em campo aberto agora podem ser repetidos, funcionando quase como encontros aleatórios. A progressão geral da aventura é bem linear, mas um ou outro combate em alguns momentos podem ser feitos em ordem diferente.



Agora há 4 dificuldades para você escolher quando vai começar um novo jogo. Curiosamente o consenso na internet é de que a terceira é a mais difícil. As dificuldades hard (2) e Ouch! (4) trazem melhorias na IA, e a dificuldade Super (3) faz os inimigos causarem 25% a mais de dano. Eu terminei o jogo na dificuldade Ouch! e dá pra notar que a IA é, na maioria das vezes, realmente bem mais desafiadora que a do primeiro jogo. Inimigos frequentemente vão eliminar magos e curandeiros desprotegidos, maximizar os alvos de um magia em área ou focar vários ataques em um único personagem para tentar matá-lo num único turno. Isso não elimina situações de estupidez inacreditável dos inimigos, mas no geral gera situações bem mais interessantes.

Concluindo...

De forma geral Shining Force II é uma boa evolução com relação ao seu antecessor. Em alguns aspectos as mudanças são sutis, mas contribuem para uma experiência geral mais fluida e agradável. Uma pena que a história, que tenta ser maior e mais épica, acabe se perdendo em alguns momentos e não sendo narrada e desenvolvida de uma forma que faça jus às suas ambições. No geral a aventura acaba demorando bem mais tempo que no anterior, mas felizmente ela consegue fluir bem por toda a sua duração.

richter

Obrigado pela leitura descomprometida Baha.

Shining Force foi um dos sonhos de consumo RPGístico (nunca tive ou terei dinheiro para jogar nos seus próprios consoles; E, vivo num lugar onde a emulação ainda não chegou).

A arte dos personagens e o formato das batalhas me pareciam únicos, uma imersão diferente do leque Nintendo e seu jeito FF's de ser. Pelo menos não lembro de títulos semelhantes entre ambas.

Facto é que, colecionava SuperGames (me pergunto onde foram parar aquelas pilhas de revistas) sem nunca ter visto um console SEGA de perto; Os olhos brilhavam com os anúncios dos RPGs saindo do outro lado do mundo, ocupando folhas do caderno de aula com a lista de prioridade para jogar, dividindo a liderança com Lunar, claro.

Shining tinha sido amor a primeira vista.

Baha

Em termos de formato das batalhas a Nintendo tem a série Fire Emblem, que é extremamente semelhante, mas FE é um SRPG "puro"  e se foca completamente nas batalhas, enquanto Shining Force é todo um JRPG completo, com exploração, interação e tudo mais, cujas batalhas assim. O título mais próximo que eu já joguei disso é Arc the Lad 2, no Playstation, o qual aliás eu considero o ápice do gênero. No Super Nintendo há um título exclusivamente japonês (com tradução de fãs) que segue mais ou menos isso, que é o Treasure Hunter G. Tem um review meu dele aqui no fórum.

Sobre poder jogar, se emulação não for uma opção ele está disponível no Steam e provavelmente na loja online de alguns consoles!

Falando sobre Fire Emblem, a maior parte da série nunca saiu do Japão, somente com seus títulos mais recentes (do GBA pra frente) tendo versões ocidentais oficiais, mas há traduções de fãs para alguns dos títulos que não chegaram oficialmente por aqui.

Mas se quiser dar uma olhada em outros SRPGs puros, sem a casca completa de JRPG em volta, você estará muito bem servido com jogos de Playstation. Final Fantasy Tactics, Vandal Hearts, Brigandine, e deve ter vários que eu nem conheço...


richter

Ah. Recordei da semelhança com Fire Emblem ao rever as imagens, mas não o conheci pessoalmente.

Sim. No apogeu PSX e mídia à R$0,10 - o alcance destes últimos títulos que citou foi praticamente automático. Diferente da geração anterior, as locadores eram (estranhamente) lotadas das cópias de qualidade duvidosa de todos RPGs lançados, já garimpar um cartucho era algo que direcionava para o Paraguai, coisa para poucos.  :)

Tu tens completado o jogo destes reviews ou até sentir atingido o que o jogo tinha para oferecer?

Brigandine foi um marco para mim, aqui na Gamers fiz o primeiro cadastro como Guinglain (editei mais tarde para o atual); Até revisitei anos atrás a versão Grand Edition, tamanho gosto pelo jogo. E, falando em revisitar, isso aqui exige.  :closedeyes:

Baha

Tenho terminado todos. As vezes deixo de lado algum conteúdo opcional muito trabalhoso e/ou não-suficientemente-gratificante.

Quando um jogo é muito arcaico ou problemático, mas tem algo que me compele a querer terminar, eu trato de usar as ajudas do emulador pra acelerar e aliviar o processo.  Quando eu vejo que não vou querer terminar mesmo eu dropo e nem comento sobre ele. Foi o caso de Paladin's Quest de Snes