Xenosaga Episode I - Der Wille zur Macht

Started by Baha, Jan 01, 2018, 17:38:56

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Baha



Xenosaga Episode I - Der Wille zur Macht foi lançado em 2002. Publicado pela Namco e produzido pela Monolith Software sob comando de Tetsuya Takahashi, que havia trabalhado em Xenogears, esse é o primeiro jogo da trilogia para o Playstation 2.

A ideia inicial era criar um total de 6 jogos, com o 5º sendo um remake de Xenogears. No final isso se provou ambicioso demais e Xenosaga acabou se tornando uma trilogia, com sua história auto-contida e sem relação oficial com Xenogears.

Enredo

Background

Xenosaga se passa 4000 anos no futuro, com a humanidade tendo se expandido pelo espaço, colonizado diversos planetas e construído grandiosas obras tecnológicas.

A protagonista é Shion Uzuki, uma pesquisadora que trabalha para a empresa Vector, e durante os eventos iniciais do jogo está a bordo da nave militar Woglinde que está transportando sua equipe, além de um misterioso artefato, de volta para a civilização.



O principal projeto da equipe de Shion é KOS-MOS, uma androide de combate especializada em enfrentar os gnosis, criaturas etéreas extra-dimensionais que surgiram em massa no universo nos últimos anos. KOS-MOS, porém, ainda está sendo testada em simuladores e o comando da nave está preocupado com sua disponibilidade em caso de um ataque.

O ataque acaba ocorrendo de surpresa em uma zona onde isso não era esperado e, sem a possibilidade de reforços chegarem a tempo, as defesas da nave começam a ser eliminadas. KOS-MOS acaba sendo ativada de forma autônoma para salvar Shion e sua equipe do ataque, e a partir daí a grande cadeia de eventos da saga se inicia...

Comentários

A história de Xenosaga é bastante ambiciosa, cheia de elementos, camadas e personagens, onde eventos novos se entrelaçam com outros que já estavam em andamento e tudo se cruza.

É uma tentativa de criar uma história de "anime-cabeça" como foi no próprio Xenogears. Trata-se de uma trama cheia de mistérios e revelações, mas eu só achei que não houve nenhuma reviravolta especialmente surpreendente e que mudasse os rumos das coisas. Nenhuma das revelações realmente impacta tudo de forma revolucionária ou muito inesperada, e os eventos continuam seguindo conforme o previsto mesmo após elas. Não ajuda muito o fato de que quando algum evento de grande importância ocorre, ele já era mais do que esperado por causa de uma imensidão de pistas expostas nas cutscenes anteriores.



A ambientação se situa toda no espaço, com seu grupo sempre à bordo de alguma nave ou no máximo uma estação espacial. O mais próximo de um planeta onde eles pisam é uma estação enorme com uma cidade e um bioma artificial. De certa forma esse é exatamente o tipo de épico espacial que eu esperava ver em Star Ocean e nenhum dos 3 jogos que joguei naquela série cumpriu de forma satisfatória.

Como é de se esperar, o jogo gosta de colocar diversos simbolismos religiosos e filosóficos, indo desde nomes das coisas até elementos visuais e a aplicação efetiva de alguns conceitos. Ele não consegue evitar que parte disso soe como algo bem pretensioso, mas eu achei que até que fizeram um bom trabalho em não causar essa sensação com tanta frequência quanto eu imaginava.

Os diálogos envolvem bastante technobabble para parecerem "autênticos", e aqui isso até que funciona e se encaixa com o tom sério que tudo tem e com aquele universo cheio de conceitos desconhecidos.



Alguns personagens, inclusive, possuem uma atuação extremamente teatral. Mas dessa vez eu falo isso de uma forma ao mesmo tempo mais literal e menos negativa que nos outros jogos onde uso esse termo. Há personagens que realmente levam o melodrama ao extremo, intencionalmente, como se estivessem atuando em uma peça de tragédia ou algo do tipo. Os exageros ficam evidentes em diversos momentos, mas de alguma maneira esse aspecto de forma geral se encaixa bem no jogo. Isso é o que Xenosaga "é", e não uma estranheza que destoa do restante do que o jogo apresenta, e talvez por isso não cause tanto desconforto. Além disso os personagens em questão são, digamos, meio "diferenciados"...

Todo esse enredo é exposto ao longo de muitas e longas cutscenes durante o jogo inteiro. A história aqui realmente tem importância central. Felizmente a condução das coisas se mantém interessante, pois as cutscenes são realmente gigantescas e em enorme quantidade. De fato, das pouco mais de 35 horas contabilizadas que meu gameplay teve, calculo que pelo menos metade tenham sido apenas diálogos e cutscenes. E teria sido uma proporção bem maior se as últimas dungeons fossem menores.

O texto é em geral bem escrito e situações vergonhosas são raras, o que ajuda a evitar que a execução do jogo desabe.



Os personagens são em geral até que carismáticos, mas parte deles não se desenvolve tanto quanto poderia pois estão ocupados demais escondendo segredos uns dos outros e até de si mesmos... Isso torna alguns deles meio apagados no fim das contas.

Vários dos elementos apresentados no jogo não possuem uma conclusão, o que é esperado, já que ele foi criado com continuações diretas em mente.

Gráficos

Xenosaga é um jogo bastante ambicioso, e demonstra altos valores de produção. O estilo visual é a típica transposição de anime para modelos poligonais, executado aqui com bastante competência.

A qualidade gráfica mais notável está nos modelos dos personagens, que são extremamente bem construídos e detalhados. Até mesmo NPCs sem importância possuem uma qualidade que não destoa tanto dos protagonistas, algo melhor que em FFX.



Os cenários são competentes e na maior parte do tempo possuem uma qualidade bem consistente, mas os únicos realmente impressionantes estão guardados para cutscenes. A câmera é totalmente automática e na maior parte do tempo assume um ângulo diagonal superior semelhante ao de Wild Arms 2 e 3, não deixando muita oportunidade para exibição de backgrounds e elementos distantes. A geometria é simples em geral, mas isso é compensado com um bom trabalho de texturização.

Os efeitos em combate são bem legais, como é padrão nos jogos bem produzidos da plataforma. Bem poucos são espalhafatosos demais.



As muitas e enormes cutscenes do jogo alternam entre cenas animadas em tempo real e CGs construídas com os modelos do próprio jogo. É impressionante a quantidade de vídeos que foram colocados em um único DVD.

O jogo roda a 30fps consistentes, lembrando bastante a abordagem de FFX.

Som

Estranhamente, quase todos os cenários de exploração não possuem música alguma, se valendo apenas de sons do ambiente. O tema de combate é legal e as músicas durante as cutscenes são bem cinemáticas e passam o tom esperado.



Todos os diálogos das cutscenes são dublados. A dublagem é boa em geral, sendo padrão de anime, mas com alguns atores acima da média. O texto colabora na maior parte do tempo, mas não deixa de conter algumas linhas estranhas de ouvir sendo pronunciadas.

Gameplay

Exploração

Xenosaga é um jogo com a progressão principal totalmente linear. Os eventos da história te guiam entre cada nave ou estação onde você precisa ir, mas após uma certa parte algumas localidades anteriores começam a se manter disponíveis para revisitar, ampliando um pouco a liberdade de exploração. Dungeons também podem ser "revisitadas" no simulador (onde curiosamente você é capaz de obter itens que tenha esquecida quando estava lá de verdade).

Não há overworld de forma geral, exceto numa pequena região de cidade em uma estação espacial onde você usa um micro-overworld para se mover entre os setores.



O gameplay fora de combate é bem padrão, com a possibilidade de andar por aí, conversar, comprar, vender e gerenciar seu grupo no menu. Shion possui uma ferramenta usada para destruir alguns obstáculos e objetos nos cenários, que costumam esconder itens. Isso também é usado em alguns puzzles.

Tanto nos cenários normais quanto nas dungeons há uma pequena dose de exploração, com alguns segredos e itens para descobrir se você fuçar um pouco, o que é bem legal. Não há regiões totalmente opcionais, porém.

Você também tem acesso a uma espécie de computador pessoal onde pode ler e responder emails (alguns com informações relevantes que podem te garantir itens e dinheiro). Em alguns save points "com wifi" ele também permite acesso ao simulador para dungeons anteriores.



Uma precariedade irritante no jogo é o fato de que não é possível verificar na hora da compra qual diferença um equipamento vai fazer nos personagens que podem utiliza-lo. Isso, juntando aos nomes horríveis dos equipamentos é bem desagradável.

O jogo empilha diversos sistemas que afetam combate, mas felizmente o conjunto geral acaba ficando coeso e funcionando bem. Você tem as técnicas que são ataques em combate. Os ethers que são as magias e as skills que são bônus e efeitos conseguidos por equipamentos. Você usa diferentes tipos de pontos que ganha para realizar upgrade nas técnicas, habilitar novos ethers e extrair skills dos equipamentos para poder usar até 3 diretamente nos personagens (sem depender de estar com o item equipado).

Os inimigos aparecem no cenário e é possível explodir alguns objetos próximos a eles que funcionam como armadilhas que te garantem bônus ao entrar em combate com inimigos afetados. Mesmo que você teoricamente possa evitar os inimigos, uma grande parte deles bloqueia seu caminho de forma que torna os combates quase obrigatórios. Todos os inimigos respawnam ao trocar de tela, e o inimigo em que você encosta no cenário nem sempre vai te colocar num combate contra o mesmo grupo de inimigos, mas apenas garantir que seja um grupo que contém aquele inimigo.

Combate

O combate de Xenosaga é por turnos com 3 personagens em campo, mas há diversos sistemas diferenciados atuando em seu funcionamento.

Primeiro existe a formação, com linha de frente e de trás e 3 posições em cada. Os personagens atrás não podem atacar e nem ser atacados enquanto houver ao menos um personagem na frente, podendo apenas usar (e ser alvo de) ethers. Alguns efeitos também levam em conta a presença de personagens diretamente atrás de outros. Esse sistema de formação também vale para os inimigos, mas pode haver mais de 3 inimigos em cada linha.



Você possui uma barra de EP que chega até 6 pontos, e cada personagem ganha 4 no início do seu turno. Os botões Quadrado e Triângulo usam um tipo diferente de ataque cada, custando 2 pontos. No botão Bola você pode setar técnicas que funcionam como finalizadores de combos. A princípio elas precisam sempre ser o terceiro ataque de um combo, mas é possível fazer um upgrade permitindo setar um finalizador no segundo ataque. O botão X traz o menu onde é possível usar ethers, itens, defender e subir num A.G.W.S.

A.G.W.S são os robôs gigantes. Alguns personagens podem pilotar eles, que ficam disponíveis para o combate. Eles possuem seus próprios equipamentos e status e precisam ser consertados nos hangares específicos. A ideia é legal, mas na prática eles não são muito úteis. Ao contrário dos Gears de Xenogears, aqui tudo o que pode ser derrotado a bordo de um A.G.W.S pode ser derrotado a pé também, e seus personagens a pé são muito mais versáteis.

Existem diversos tipos de ataques e alguns elementos também, com toda uma relação de forças e fraquezas. Os inimigos também são divididos em 3 tipos (orgânicos, mecânicos e gnosis).



O jogo também tem o sistema de boost. Uma barra que chega a 3 níveis vai enchendo quando você ataca. A qualquer momento, num turno de outro personagem ou inimigo você pode gastar 1 nível da barra de algum personagem que não esteja na fila de ação no momento para que ele ganhe um turno extra logo em seguida. Inimigos também podem fazer isso e esse sistema traz uma variedade estratégia bem impactante ao jogo.

E por fim, cada turno de combate aplica um bônus específico aos atacantes, e isso rotaciona.

Parece muita coisa para absorver, mas depois de se acostumar o combate flui muito bem. O maior problema é que você vai começar a usar técnicas finalizadoras em todos os seus combos, e algumas possuem animações demoradas e que não podem ser puladas.

De forma geral o jogo não precisa de grinding e os combates no seu caminho em uma progressão normal serão suficientes para te manter devidamente preparado.

Conclusão

Xenosaga é um jogo interessante e um começo promissor para sua ambiciosa série, mas grande parte do tempo você estará assistindo aos eventos e não jogando. Mesmo assim eu já vi isso ser executado de forma bem pior em outras ocasiões.



Os valores de produção são altos, a execução das ideias é adequada em boa parte do tempo e ele não é tão longo quanto eu achei que seria. Também é legal ver um jogo onde a ambientação futurista é levada a sério e explorada à fundo.

Billy Lee Black

Bacana, Baha. Lembro que esse jogo tinha um gameplay meio limitado mesmo. Infelizmente isso só é efetivamente corrigido no episódio 3.