Xenosaga Episode III - Also sprach Zarathustra

Started by Baha, Jan 17, 2018, 00:14:34

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Baha



Xenosaga Episode III - Also sprach Zarathustra foi lançado em 2006 para o Playstation 2, assim como os anteriores produzido pela Monolith e publicado pela Namco, e traz o encerramento da ambiciosa trilogia.

Enredo

Background

Xenosaga 3 se passa 1 ano após o final do segundo jogo. Enquanto investiga uma estranha ilha flutuando no meio do espaço, o pessoal da nave Durandal, que inclui alguns protagonistas da série, acaba se dividindo e perdendo a nave Elsa dentro de uma anomalia surgida no local. Eles decidem ir até o planeta Fifth Jerusalem, capital da federação galática, em busca de ajuda.



Enquanto isso Shion, que não trabalha mais para a empresa Vector e agora atua em investigações junto a um grupo suspeito, está no planeta também, sem saber que seu destino irá se cruzar com o do restante do grupo novamente.

Eventos que estavam em andamento desde o primeiro jogo enfim começam também a avançar para suas etapas finais...

Comentários

A história finalmente fecha os arcos desenvolvidos nos jogos anteriores, mas de maneira geral ainda deixa muita coisa em aberto ou com explicações extremamente superficiais. Além disso sobra em aberto um gancho nada sutil para uma possível continuação que nunca foi produzida. Uma parte da informação faltante pode ser lida no "Database" disponível no menu do jogo, e existe material extra fora do jogo que ajuda a desenvolver mais coisas.

Sobre o andamento da história em si, dessa vez há revelações bem mais interessantes que nos dois primeiros jogos e o ritmo da narrativa também melhorou bastante.

O humor também foi incorporado de forma mais sutil e sensata dessa vez, evitando destoar do tom geral do jogo.



Na reta final a história surta completamente e traz seus simbolismos com toda força, inclusive mostrando que alguns não eram meramente simbólicos. O modo como o jogo engloba conceitos do nosso mundo e da nossa cultura é algumas vezes fascinante e outras vezes embaraçoso.

Nessa mesma reta final a quantia de coisas que são contadas e reveladas, mas não explicadas, deixa claro que houve correria pra encerrar a série e que a história original idealizada foi bastante alterada para se enquadrar na trilogia.



Não há muito de novo a ser dito sobre os personagens, mas uma parte dos que estavam sendo negligenciados antes ao menos têm aqui a oportunidade de ter um fechamento para seus arcos pessoais.

Gráficos

Depois de algumas decisões duvidosas no segundo jogo, a parte gráfica de Xenosaga 3 é facilmente a melhor da série e uma das melhores do gênero no Playstation 2 de forma geral.



A começar pelos modelos dos personagens, que aqui voltaram a ter uma estética mais  anime, abandonando os rostos bizarros de Xenosaga 2, mas também muito mais consistente que no primeiro jogo onde personagens com diferentes proporções e estilizações interagiam. A qualidade técnica dos modelos também voltou a um alto patamar, com ótimas texturas e uma contagem poligonal adequada.

Os cenários não foram sacrificados em nome da melhoria dos modelos. Pelo contrário, há locais ainda mais amplos e bonitos que no segundo jogo, com ângulos de câmera devidamente ajustados para valorizar as belas paisagens de fundo que também estão presentes.



O mapa para se deslocar dentro de algumas regiões existente aqui é digno de um verdadeiro overworld, ao menos visualmente.

Agora a proporção de cutscenes renderizada em tempo real aumentou bastante, contando inclusive com algumas cenas bem movimentadas ou mesmo cheias de ação.

E falando nas cutscenes, uma coisa estranha foi a decisão de censurar o sangue na versão americana do jogo. Isso tornou algumas situações extremamente estranhas e parecendo amadoras em sua composição visual.

Som

As músicas são melhores que as do segundo jogo, com quase nenhuma causando a estranheza que parte das de lá causavam, e algumas poucas até possuem um certo destaque. O ponto fraco fica para a música de combates normais, que definitivamente não combina bem.

O jogo faz uma interessante escolha de usar tanto músicas de fundo quanto completo silêncio dependendo da situação. É uma mesclagem das abordagens dos dois jogos anteriores que quando bem executada, como é o caso aqui, tem um ótimo impacto no clima cinematográfico da história.



Alguns dubladores originais retornaram, outros são os mesmos do segundo jogo, mas parece que direção de dublagem teve muito mais empenho dessa vez, pois de forma geral a qualidade das vozes e atuações no jogo é a melhor da série.

Gameplay

Exploração

O gameplay nos cenários do jogo está mais moderno. A movimentação geral é mais rápida e com uma sensação mais agradável. Passar perto de NPCs te faz automaticamente "ouvir" suas conversas, e é possível usar o botão quadrado para interagir e saber mais.



Algumas regiões possuem mapas para você se deslocar, mas eles funcionam de forma semelhante aos do jogo anterior, com pontos de interesse definidos para você ir de um a outro e nada mais, apesar de serem muito mais impressionantes visualmente.

Os menus estão práticos e cheios de conveniências, como checar os equipamentos mais recentes e ir dessa checagem direto pra tela de equipar. Agora também é possível ver a diferença que os equipamentos fazem na hora de comprar. Aliás, o sistema de equipamentos e sua aquisição voltou a funcionar normalmente aqui, abandonando o minimalismo de Xenosaga 2.



Já uma coisa que não foi abandonada de Xenosaga 2 foi o conveniente resumo que aparece quando você carrega um jogo salvo.

Esse jogo também voltou a seguir o padrão de progressão muito linear de Xenosaga 1, com algum conteúdo extra espalhado aqui e ali ao longo da aventura e a possibilidade de re-explorar simulações de locais antigos, ao invés da região social aberta de Xenosaga 2 que concentrava muitas de suas sidequests.

Sidequests aqui, aliás, não são catalogadas de nenhuma forma e algumas são um tanto obscuras. É preciso conversar com as pessoas certas e prestar atenção no que deve ser feito. O jogo também possui sua pequena seleção de superbosses e ao menos uma dungeon opcional focada em puzzles.



As armadilhas que podem ser usadas em campo para atordoar inimigos e garantir vantagens nos combates agora não estão mais espalhadas pelos cenários, mas são itens que você leva consigo e pode usar onde quiser. Isso é bastante conveniente, mas a única forma de recuperar armadilhas usadas é comprando mais.

Falando em inimigos em campo, agora é possível encostar neles por trás (e vice-versa) garantindo um back attack com uma rodada extra no combate.

O sistema de aprendizdo de skills agora segue uma linha, que na prática é uma simplificação do sistema do segundo jogo, em que comprar um conjunto de skills libera o seguinte na linha. Há conjuntos extras soltos que você libera usando certos itens. Além disso personagens aprendem algumas skills de forma inata conforme sobem de nível.



Os robôs, assim como no jogo anterior, possuem áreas dedicadas ao seu uso. Algumas dungeons envolvem subir e descer deles em diversos momentos, com áreas exploráveis a pé que se cruzam com as áreas específicas para os robôs.

Os atributos dos robôs são um misto dos atributos do piloto, copiloto e das partes equipadas. É possível comprar e encontrar partes para os robôs da mesma forma que equipamentos para os personagens normais.

Xenosaga 3 possui um minigame chamado Hakox, que envolve puzzle e agilidade mental. Ele possui diversos níveis cada vez mais difíceis, e algumas ótimas recompensas.



Diferente dos dois jogos anteriores, em Xenosaga 3 eu me senti confortável trocando meu time toda hora, ao invés de manter um favorito. É rápido e simples reconfigurar seu grupo, e seus personagens nunca se defasam muito para serem esquecidos.

Combate

O sistema de combate é talvez o mais simples da série. Os combos usando vários botões para diferentes ataques se foram, dando lugar a um combate por turnos simples, mas com alguns diferenciais. A principal vantagem é que ele voltou a ser muito mais rápido que o do segundo jogo em batalhas normais.



A barra de boost continua compartilhada entre o grupo todo e agora tem uma função extra que é funcionar como uma barra de limit break. Cada personagem tem ataques especiais muito poderosos que gastam boost. Eles são tão úteis aliás, além de subirem de nível conforme vão sendo usados, que eu praticamente ignorei a função original do boost de dar turnos extras a personagens durante o jogo, sempre guardando o recurso para os especiais.

O sistema de break do segundo jogo voltou, mas também simplificado. Agora os personagens possuem uma barra de break que sobe conforme são atacados. Eles entram em status break por 2 turnos quando essa barra enche por completo. Esse status é basicamente um stun, com o personagem incapaz de agir e mais suscetível a críticos. Há ataques específicos para causar break mais facilmente, bem como efeitos para baixar a barra. O sistema vale igualmente para o seu grupo e para inimigos.



Há uma distinção entre Ethers e Skills, mas na prática são apenas 2 coisas que gastam EP do mesmo jeito, sendo que skills são geralmente ataques físicos.

Alguns chefes são esponjas de dano, mas de forma geral o sistema é muito mais prazeroso e agradável que o do segundo jogo, e continua permitindo estratégias para maximizar o dano causado se o jogador souber manipular alguns fatores.

O combate a bordo dos robôs foi bastante aprimorado também e conta com seu próprio sistema diferente dos personagens a pé. Aqui não existe boost e nem é possível usar ethers e skills, mas cada robô tem uma reserva de energia que pode ser usada inteira todo turno, fazendo combinações de ataques, cada um com seu custo. Cada hit em um mesmo turno dá um bônus de dano e chance de acerto ao próximo. Ataques mais fortes costumam ter menos hits e menos chance de acerto, e são melhor usados como finalizadores.



Também existe uma barra de anima individual de cada robô, que enche conforme você causa dano. Quando ela está com pelo menos 1 nível cheio é possível usar um "anima awakening" que confere alguns bônus por algumas rodadas, e permite usar um ataque especial enquanto estiver nesse estado. É possível usar mais de um nível de uma vez, e isso influencia na intensidade dos bônus e no especial disponível. Os últimos (nível 3) são realmente devastadores contra chefes, e os de nível 2 são ótimos para limpar rapidamente combates normais.

Ao final de um combo também existe uma chance de que outro dos seus robôs use um ataque extra para ajudar. Essa chance depende dos ataques usados.



No final também ficou um sistema dinâmico e divertido. Suficientemente diferente dos combates a pé, mas igualmente bem desenvolvido, perdendo finalmente aquele aspecto de sistema "secundário e meia boca" que tinha nos dois jogos anteriores.

Conclusão

Xenosaga 3 é o jogo mais bem executado da série, principalmente por seus gráficos e seu gameplay. A história tem os eventos mais importantes, mas fica com um aspecto um tanto corrido e inacabado nos eventos finais.

Dessa vez eu fiz quase tudo que havia para fazer de relevante no jogo (exceto obter a última arma do Ziggy) e enrolei bastante, inclusive lendo as várias informações da database. No fim meu save contabilizou mais de 50 horas. É possível terminar em menos, mas ele é de fato o maior dos 3 jogos.



A série no final das contas é bem interessante, mas é claramente um passo maior que a perna da equipe, devido aos perceptíveis cortes que sofreu para se encaixar em uma trilogia, quando os planos originais eram ainda maiores.

Trata-se do tipo de épico espacial futurista que eu esperava encontrar na série Star Ocean, além de servir como um "prequel espiritual" para Xenogears e explorar de forma interessante como deveria ser a civilização avançada da qual fazia parte a nave na abertura daquele jogo.

A salada filosófica e religiosa, cheia de referências jogadas por todo lado e até mesmo o uso direto de conceitos dessas coisas no nosso mundo atrapalha um pouco a suspensão de descrença, mas mesmo assim o resultado final é bastante épico.

Billy Lee Black

Aeee, esse jogo é sensacional!

Eu, particularmente, gosto muito da mescla bíblica na história tanto do Xenosaga quanto do Xenogears. É a cereja do bolo na história, IMHO.

Eu perdi horas só lendo o database do jogo, pra entender as referências.

Quanto à OST, me amarro nessa música aqui, da luta do Jin com o Margulis:


https://www.youtube.com/watch?v=eoSIo7w3Uko