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[Review] Koudelka (PS1)

Started by Baha, May 06, 2018, 01:45:03

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Baha



Lançado em 1999 para o Playstation, Koudelka é o predecessor da trilogia Shadow Hearts.

Trata-se de um jogo bastante curioso para sua época. Em todos os aspectos, incluindo história, apresentação e gameplay, ele é basicamente uma mistura de Resident Evil com um JRPG.

Enrendo

Background

O jogo se passa em uma versão fictícia de nosso mundo, no País de Gales do final do século XIX.

Koudelka, a personagem que dá título ao jogo, é uma mulher com poderes psíquicos (uma "bruxa") que chega para explorar um antigo mosteiro, atraída pelo chamado de um espírito.

O mosteiro tem sido usado ultimamente como uma prisão, com torturas e mortes terríveis ocorrendo frequentemente nos últimos anos. No momento não há quase mais nenhuma pessoa viva lá, e o local está infestado de monstros.



Koudelka rapidamente encontra duas outras pessoas que também vieram ao local por seus próprios motivos, e passa a colaborar com eles. A partir daí, pouco a pouco eles vão desvendando os terríveis segredos por trás desse macabro lugar.

Comentários

A história tem um escopo bastante conciso. Tudo se passa dentro do mosteiro e a aventura como um todo tem um tom bem contido e pessoal. A exploração e o ritmo das descobertas realmente se assemelham muito ao primeiro Resident Evil.

Grande parte dos diálogos do jogo focam no desenvolvimento da relação entre aqueles 3 estranhos que se encontraram numa situação tão inusitada. Aos poucos as camadas das personalidades de cada um vão aparecendo e um certo elo entre eles começa se formar, no lugar da cooperação meramente baseada em sobrevivência que havia no começo. A maioria desse desenvolvimento se concentra em cutscenes espalhadas por momentos importantes do jogo.



O local em si também tem sua história e seus segredos, claro, e o arco central da história gira em torno disso, mas exatamente "o que" está acontecendo é menos interessante, importante e explorado que "como" e "por que".

A ambientação e a construção de mundo presentes na apresentação do enredo do jogo são bem bacanas e fazem um bom papel em proporcionar imersão na jornada de Koudelka. O clima geral do jogo é bastante sombrio, com um pouco de humor espalhado aqui e ali.

Gráficos

O estilo gráfico do jogo é basicamente o mesmo de Resident Evil, utilizando cenários pré renderizados e modelos poligonais para os personagens. Até aí FF7 também se enquadraria, mas é na construção dos cenários e nos ângulos de câmera empregados que a comparação de Koudelka com RE fica mais óbvia.

Os modelos dos personagens são bastante bem construídos e detalhados, dadas as limitações da plataforma. Os cenários são bem modelados, mas a resolução deles na tela é bastante baixa e pixelada.

Há algumas cenas em CG espalhadas pelo jogo. Algumas características grosseiras típicas da era PS1 estão presentes, mas fora isso até que são de boa qualidade para os padrões da época.



Em combate tudo é poligonal e os cenários são minimalistas, se resumindo basicamente ao chão. O fundo é sempre "escuridão" e a única coisa que muda são as texturas empregadas no chão. Inimigos também são bem detalhados, ficando um pouco abaixo da qualidade dos personagens.

Som

Em termos de trilha sonora, Koudelka tem pouquíssimas músicas. Durante a exploração só há silêncio e sons ambientais ocasionais. Existe um música meio estranha de combate, uma música para chefes, e uma ou outra composição guardada para ocasiões especiais e CGs.

Todos os diálogos são falados e não há legendas. Felizmente a qualidade de audio deles é boa e se o seu inglês estiver em dia é possível entender praticamente tudo. A dublagem em si tem seus altos e baixos. Há bastante emoção nas falas, mas as vezes até demais, fazendo alguns diálogos soarem meio artificiais e encenados.

Gameplay

Exploração

Novamente o paralelo com Resident Evil é aparente. A exploração das localidades do mosteiro é praticamente idêntica à do primeiro RE, mas felizmente a movimentação não utiliza controles de tanque, pelo menos.

A aventura se passa inteira no mosteiro, e sendo assim não há "cidades". Nada de hospedarias, lojas e coisas do tipo. Também não há NPCs para conversar. Os que aparecem sempre fazem parte de cutscenes. Os save points "mais importantes" recuperam HP e MP, mas fora isso você vai depender sempre dos seus itens e magias.



Você possui acesso a um inventário para gerenciar os personagens, que funciona de forma mais típica como um JRPG. Há itens diversos, equipamentos e magias. Seu inventário tem um limite, que nunca é informado até o momento em que você de repente o atinge. Esse limite engloba tanto itens gerais quanto equipamentos. Não é um limite extremamente restritivo, mas itens-chave também ocupam espaço e isso é bem inconveniente em certas partes do jogo onde você acumula muitos.

Quando seus personagens sobem de nível, é possível alocar 4 pontos em seus status, ficando a seu cargo a decisão de especializá-los.

Existem alguns puzzles espalhados pelo jogo, mas eles ou envolvem apenas estar no lugar certo com os itens certos, ou resolver alguma coisa bem boçal, geralmente aplicando alguma informação encontrada em um texto ou outra sala, ou então há até puzzles que se resolvem sozinhos (?!?).



Os combates ocorrem através de encontros aleatórios, como em um JRPG clássico. A frequência não é muito alta, e acaba não irritando durante a exploração.

Combate

Os combates são bastante tradicionais para um JRPG, com um leve elemento de SRPG. É possível se mover no cenário, mas a parte mais importante nesse aspecto é "quem está na frente e quem está atrás". Inimigos não podem ocupar a mesma linha que o seu personagem mais à frente, nem linhas que estejam atrás dele, e a recíproca é verdadeira. Para magias, quanto mais distante do alvo menor o poder. Assim, dá pra deixar seus personagens mais fracos protegidos contra a maioria dos ataques físicos, atrás de alguém mais resistente. De forma geral o jogo não é difícil, e é sempre possível ganhar alguns níveis rapidamente se necessário.

Armas corpo-a-corpo possuem durabilidade, e eventualmente quebram. Não é possível consertá-las, mas é bem comum encontrar armas diversas, então raramente seu grupo terá que se virar no braço, e nem mesmo recorrer a isso é algo tão terrível para um personagem forte.



O pedra-papel-tesoura elemental está presente, tanto para magias quanto para atributos de armas e equipamentos de defesa. Também há armas com efeitos especiais, como roubo de HP e MP.

Magias possuem um tempo de execução antes de efetivamente saírem, ao contrário de todas as outras ações, e é importante se atentar a isso para planejar as próximas ações.

Há alguns status negativos no jogo. O mais irritante é o silence, pois magias são bastante importantes nesse jogo e é muito comum encontrar inimigos que causam silence nos seus personagens.



Uma coisa ruim é que há um certo "carregamento" que atrasa as coisas após quase qualquer ação ser executada por alguém em combate. Além disso há um tempo de loading ao final dos combates. Na duração total do jogo, o tempo perdido acumulado com isso chega a ser bem significativo.

Conclusão

Koudelka é um jogo muito curto. Meu tempo contabilizado foi de 12 horas, e eu perdi tempo com algumas coisas. É perfeitamente possível terminar em menos de 10. O mais bizarro é que o jogo está dividido em 4 CDs, e o primeiro demorou apenas 1h30m para encerrar. A maior parte da duração está concentrada nos CDs 2 e 3, e ainda assim estamos falando de 4 horas cada, no máximo.



O jogo é divertido e sua baixa duração ajuda a suportar os problemas. A ambientação é bem interessante e os personagens são um tanto incomuns em comparação às histórias mais conhecidas no gênero.

Billy Lee Black

Caracas, não sabia que esse jogo tinha ligação com Shadow Hearts!

Belo review, aliás, baha :D

Strife

A própria Koudelka aparece no primeiro Shadow Hearts.

Apesar de adorar Shadow Hearts, nunca consegui avançar muito no Koudelka. O sistema de batalhas é demasiado lerdo, tentei várias vezes e sempre larguei.

Billy Lee Black

Eu não joguei o Shadow Hearts 1. Só o 2 e o 3.

Baha

Quote from: Strife on May 06, 2018, 18:15:07
A própria Koudelka aparece no primeiro Shadow Hearts.

Apesar de adorar Shadow Hearts, nunca consegui avançar muito no Koudelka. O sistema de batalhas é demasiado lerdo, tentei várias vezes e sempre larguei.

Como o jogo foi curto, isso acabou não pesando tanto. Mas se fosse maior, ia ficar complicado de aturar mesmo. Eu inclusive cito a lerdeza no review, e todas as pausas sempre que alguém faz qualquer coisa em combate realmente são irritantes.

Pual

Não conhecia esse jogo. Valeu pelo review!