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POLITICA PORRA

Started by feles, Jun 06, 2020, 08:03:39

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SirPhillip

""ideologia de gênero é sociedade e respeito pelo próximo."

Night, desculpa, nao fique chateado comigo, mas , com o todo o respeito, você nao tem a menor ideia do que tá falando!


Ideologia de gênero é a a mesma coisa que teoria queer de genero.
É uma teoria construída pela Judith Butler que diz que homens e mulheres não são diferentes, e as diferenças comportamentais têm causa apenas no construtivismo social e não na biologia.
Sendo que isso é falso. É comprovado cientificamente que é falso. Tem aquele caso emblemático do menino que foi criado como menina porque teve o penis cortado acidentalmente e os pais queriam "provar" a ideologia de genero e ele acabou se matando. (https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/11/101123_gemeos_mudanca_sexo - documentário sobre drama do menino criado como menina justamente para "provar" que as diferenças comportamentais entre sexos não são biológicas mas sim construções sociais)

A questão da transsexualidade: a extrema maioria dos casos de pessoas em dúvida acerca de sua identidade de genero resolvem isso naturalmente.
O que os ideologos de gênero fazem? Querem possibilitar que crianças mudem de sexo. E incentivam isso. Camile Paglia já denunciou que , nos EUA, dão hormonios para crianças de 4 anos já iniciar o processo de "transição".
https://www.youtube.com/watch?v=I8BRdwgPChQ&ab_channel=Gravitahn

https://intellectualtakeout.org/2019/09/paglia-criticizing-transgenderism-is-not-transphobic/

Datelhe: a propria Paglia se identifica como trans!

Só se dando o trabalho de um dia de pesquisa que se pode concluir que:

1- Existe uma ideilogia- chamada teoria queer de genero ou "ideologia de genero", que são exatamente a mesma coisa, defendida origialmente por Judith Buttler e propagada no Brasil por partidos de esquerda que nega a origem biológica das diferenças comportamentais de gênero. e isso é falso;
2- A extrema maioria das pessoas com conflito sobre identidade de genero resolve isso naturalmente passando a adolescencia;
3. Os ideológos de gênero incentivam o víes "trans", as crianças já são incentivadas a pensaram que são trans. Jean Wyllis tem discursos defendendo que se possibilite a crianças a escolha de genero. Ademais, tais conflitos de identidade têm causas psicológicas que poderiam se resolver via psicoterapia e nao dando hormonios;
4- Isso influi brutalmente no desenvolvimento psíquico de crianças e gera muitos casos de suicidio

Temos uma extrema-direita que defende cloroquina, é contra vacina, contra máscara e uma esquerda que defende ideologia de gênero. Ambas sustentam absurdos anticientíficos.

Quem mais denuncia isso no Brasil é o Eli Vieira - que, coincidentemente, é gay. Tem vários textos e tradução que desmontam esses absurdos defendidos pelo progressismo.

Um exemplo, reportagem sobre "destransicionismo"
Os ativistas podem não querer admitir, mas não estou sozinha em meu arrependimento", afirmou Grace Lidinsky-Smith. Ela se arrepende de ter feito "transição de gênero" e lamenta que os ativistas censurem teste diz que é importnte lamentou que os ativistas ocultem histórias de pessoas como ela, cujas histórias poderiam fazer com que as pessoas não caiam nessas terapias.

Aos 20 anos, Lidinsky-Smith se tornara uma pessoa "depressiva e com disforia de gênero depois de anos de obsessão por questões de identidade".

"Eu achei que tinha encontrado meu caminho: a transformação total através da transição médica, para viver como homem", contou. "Comecei minha transformação com injeções de hormônios. Quatro meses depois, meus seios foram removidos no procedimento cirúrgico conhecido como cirurgia superior", acrescentou. Um ano depois, "eu estava encolhida na minha cama, agarrando-me às cicatrizes da dupla mamectomia e chorando de arrependimento", disse.

O caminho para a transição de gênero era fácil. "Tive o ambiente mais favorável possível para a transição: fácil acesso a hormônios, uma comunidade que me estimulava, além da cobertura do seguro", disse. "O que eu não tinha era um terapeuta que pudesse me ajudar a examinar os problemas subjacentes que eu tinha antes de tomar aquelas sérias decisões médicas", lamentou. Lidinsky-Smith foi diagnosticada com disforia de gênero e meu médico me deu luz verde para começar a transição na primeira consulta.

Em artigo publicado no dia 25 de junho na revista americana Newsweek, Lidinsky-Smith disse que não é a única pessoa que se arrepende das terapias hormonais e das cirurgias prescritas pelos prestadores de assistência médica.

Em sua trajetória, Lidinsky-Smith descobriu outros "detransicionistas" com histórias similares. Algumas pessoas interromperam logo o procedimento de transição de gênero, mas "outras tomaram hormônios durante anos e se submeteram a múltiplas cirurgias antes de decidir que o caminho não era adequado para elas".

Ela falou sobre a necessidade de trazer esses casos ao conhecimento público e de preocupar-se "pelas pessoas que foram feridas pelo tratamento médico transgênico, que se administra cada vez mais a pacientes adolescentes".

Lidinsky-Smith também contou suas vivências em entrevista à 60 Minutes da CBS News, em maio de 2021. Ativistas LGBT pediram para censurar ou cancelar o episódio antes de ele ir ao ar. "Fui ao '60 Minutes' porque queria que as pessoas entendessem que a medicina trans nem sempre é administrada de maneira responsável e segura", disse Lidinsky-Smith em seu artigo. "Eu sabia que minha transição tinha me machucado gravemente e eu não era a única".

Segundo Lidinsky-Smith, os "detransicionistas" observam várias causas que, em retrospectiva, contribuíram para sua decisão de "fazer a transição" de gênero, como problemas de saúde mental não tratados, uma crise importante, trauma de abuso sexual, autismo não diagnosticado ou uma luta pela aceitação da sua orientação sexual".

"Para muitos, o arrependimento e a dor foram intensos, como foi para mim", continuou. "Em muitos sentidos é impossível voltar atrás. Muitos de nós se perguntam: por que meu terapeuta não me ajudou primeiro a resolver meus problemas subjacentes?", disse."
__

https://blog.elivieira.com/tag/transexualidade/

Entrevista com Eli Vieira (em que ele rebate esses dados do grupo gay da Bahia, sobre violencia) além de vários artigos e citações científicas

Essa esquerda que defende teoria queer de genero é tão terraplanista quanto a direita do Bannon e do Olavo.

https://www.breitbart.com/politics/2017/09/07/camille-paglia-transgender-propagandists-committing-child-abuse/

Paglia, cirurgica aqui de novo.

https://www.youtube.com/watch?v=AW4sU8gOIp0&ab_channel=CanalTragic%C3%B4mico

Wagner Tomazzini muito bem aqui, vale a pena.

Night, desculpe, mas seria bom você dar uma pesquisada no que o outro lado diz.

Por fim, o documentário The Red Pill, que todo mundo deveria assistir :

https://www.youtube.com/watch?v=-ZDBlz4lIf8&t=3563s&ab_channel=RumoaLiberdade

Ao se dizer a favor da ideologia de genero, você está se dizendo a favor de uma teoria sem embasamento científico nenhum que nega as diferenças psíquicas entre sexos e incentiva transexualidade- que tem levado sofrimento a MUITA gente. Não tem nada a ver com "respeito ao próximo".
Eu sugiro que vc com calma leia tudo o que eu postei aqui, inclusive toda a página do Eli Vieira e as entrevistas da Paglia.
O documentário acima e os vídeos do Wagner. São cheios de estudos, números, dados empíricos. Nao é teoria conspiratória.

Documentário "Paradoxo da Igualdade", sobre ideologia de gênero:

https://www.youtube.com/watch?v=21UZWfnt0WA&ab_channel=ivanbalducci

u sugiro que vc com calma leia tudo o que eu postei aqui, inclusive toda a página do Eli Vieira e as entrevistas da Paglia, bem como os documentários.
O documentário acima e os vídeos do Wagner. São cheios de estudos, números, dados empíricos. Nao é teoria conspiratória.

SirPhillip

Esquerda com teoria queer de genero.
Direita com "vacinas causam altismo e máscaras são inúteis".

Cada uma com um terraplanismo pra chamar de seu.

Coitada da ciencia, sendo substituída por ideologias.

night

Peraí que eu falei bosta. Tô falando de identidade e não ideologia. Não sei se foi por isso que você trouxe pra esse lado.

Phillip, eu não estou discutindo se o fato de uma pessoa ser transexual tem algum embalsamento científico. O que defendo é uma cultura de igualitariedade e respeito ao próximo.

Não to falando de mamadeira de piroca nem de realizar lobotomia em crianças. Apesar de existir sim um percentual de crianças que não se identificam com seu gênero de nascença, e existe todo um campo de apoio pra isso.

Não se trata de estudar, concordar ou discordar. Se trata de respeitar o próximo.

Se não foi o caso da confusão, comparar essas pessoas com terraplanismo? Sério mesmo?

Billy Lee Black

Essa questão da transexualidade é mais sensível.

Mesmo se for verdadeiro que em alguns casos isso seja algum problema biológico/psicológico, esse tipo de afirmação ajuda a alimentar o preconceito, como se fossem pessoas "anormais".

E daí pra se caminhar pra cura gay da igreja é um pulo.

Meu posicionamento a respeito é de que existe violência contra essas pessoas e que o ativismo existe por esse motivo. Se esses ativismos agem de forma correta ou não, não posso opinar, não sei qual seria outro caminho, quando temos uma bancada da Bíblia e um presidente que fazem chacota com essas pessoas o tempo todo.

Eu acredito que a melhor forma de se combater o preconceito é com a diversidade nas posições de poder, com mais minorias em todos os 3 poderes. Novamente, um bando de homem branco dando as cartas nunca vai resolver nada.

Tem uma fala das feministas que eu concordo demais: "Se fossem os homens que engravidassem, a legalização do aborto já teria sido aprovada há muito tempo."

Billy Lee Black

Quote from: King on Oct 16, 2022, 18:24:34
Ah, um ponto que todos nós temos que tomar muito cuidado é em relação a fontes confiáveis nessa era de pós-verdade, para não sermos massa de manobra.

Por exemplo, alguns dos links que o Night postou ali em cima tem dados do "Grupo Gay da Bahia". Esses dados são falsos, mas mesmo sendo falsos tão espalhados em toda a mídia, em grandes portais, e vejo agora que até no site do senado... Famosa "fake news do bem".

https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/estatisticas-sobre-morte-provocada-por-homofobia-sao-infladas-conclui-estudo/

Sobre isso, nós somos feitos de massa de manobra o tempo todo. Levanta a mão aí quem não teve um ódio profundo contra o PT e a Dilma por conta da lava jato e o impeachment?

Naquela época, quem não era petista roxo, era impossível não ser levado pela mídia. E agora todos nós vemos como fomos feitos de idiota com a exposição da parcialidade do Sérgio Moro.

Só pra deixar claro, estou falando da parcialidade do juiz e não afirmando que o Lula nunca tenha roubado. Não boto minha mão no fogo por nenhum político (no máximo boto pela Marina Silva, e olhe lá).

feles


https://www.youtube.com/watch?v=csyQIp63rk8&t=1

Cara, não importa quem ganha. O lula não assume.
Vou votar nele justamente para ver pegar fogo se ganhar, mas passei a pensar que é melhor perder para evitar precedentes....
Viver é a cada 3 dias ter vontade de se ajoelhar e chorar.

Billy Lee Black

Eu enxergo o país caminhando pra isso tb . Se o governo do Lula for ruim, acho que não tem mais volta.

night

Já que estamos fazendo bolão, aqui as minhas apostas:

Lula ganha agora dia 30, mas não vai ser fácil. Provavelmente vamos ter alguma algazarra parecida com o que rolou nos USA. Aquele boomer imbecil do Roberto Jeff foi só o precedente necessário pra empurrar toda uma nação de imbecis a abrir fogo em defesa de deus e da família. Então prevejo tiros e bagunça com a vitória da esquerda, em um pior cenário guerra civil.

Lula ainda assume, mas eu não tenho certeza se ele saberá aproveitar a oportunidade que vai ter: Fazer um governo bom, calar a boca de todos e sair do poder com a popularidade lá em cima como ele saiu em 2011. É a chance dele limpar de vez o nome e isso será mais importante pra esquerda como um todo do que necessariamente pra ele.

Se esse governo do Lula for ruim, vai ser esse vídeo aí mesmo.

Isso se o Lula sobreviver 4 anos e não tivermos que saudar o presidente Alckmin, que honestamente acho um cenário com alta probabilidade de ocorrer.

King

Acho que independente de quem ganhar, vamos estar fodidos na próxima eleição. Bolsonaro vai continuar fazendo merda e agora com congresso favorável vai fazer o que quiser.

Por outro lado, Lula vai fazer um governo populista. Ele já falou diversas vezes que vai remover o limite de gastos. Hoje a dívida pública está em 87% do PIB. Isso quer dizer que o Lula vai obrigatoriamente ter que endividar ainda mais o país pra conseguir fazer tudo que está prometendo. Isso garante uns 2 ou 3 anos de bonança... seguido de outra crise com alta inflação no final do mandato e deixando a bomba pro próximo que entrar. Pra não dar merda só se as comodities explodissem o preço de novo, como ocorreu nos 2 mandatos anteriores do Lula, mas seria muita sorte do molusco se isso acontecesse.

Agora clima de guerra civil no pós eleição acho que não rola não. Vai ter um ou outro caso isolado de violência, possivelmente alguma baderna, mas no final acho que o Lula assume sim. O difícil é saber se a câmara vai tirar ele pro Alckmin assumir. Lula vai ter que fazer igual o Bozo e molhar a mão de meio mundo...

Raptor

Oi. Visitei o Baha esses dias e ele me mostrou esse debate. Fiquei muito feliz de saber que (acho) que não tem bolsonaristas aqui, e que mesmo a galera mais liberal é bem razoável, porque o recorte que espero (talvez desatualizado) de uma comunidade gamer é o bolsonarismo ou a idolatria de gente feito Mamãe Falei. Talvez porque a gente tem mais idade? Não sei. Mas li da página 8 pra cá e vi um debate com uma razoabilidade que tá difícil de encontrar em outros lugares.

Aí fiz um textão com quotes, como era de costume, mas ficou imenso e decidi ser sucinto na minha opinião aqui e não direcionar réplicas.

Bom, o bolsonarismo, antes de problema político, é um problema psicológico. Não tem como uma sociedade ter tamanha adesão a essa alucinação (que dia após dia traz argumentos fartos contra) sem ter uma disfunção emocional profunda que faz com que sujeito se identifique com Bozo. Tem um combo de Édipo com ressentimento nisso, carregado por algoritmos. E aí quando a galera mais instruída ataca essas convicções, a reação é de defesa do próprio valor, não se assumir burra ou preconceituosa, então o debate vira só o afã de validar o veredicto prévio a partir de um recorte de informações (não importa o quão superficiais ou falsas que sejam), ao invés de chegar no veredicto após um estudo prévio e metodologicamente orientado. Fico puto pra caralho com as coisas que ouço, mas no fim sempre tem aquela sensação de que, antes de criadoras dessa alucinação, as pessoas são criaturas dela, mais vítimas ainda.

Mas enfim, parece que, sendo esse ponto passivo, o grosso da discussão é sobre sistemas ou ideologias político-econômicas. Eu não sei hoje o que sou, até pouco tempo atrás tinha simpatia por ecoprimitivismo e conservadorismo britânico, mas infelizmente o Brasil não dá perspectiva prática pra gente ficar divagando o ideal, só o possível, e ainda assim o possível é limitado. Mas meu ponto é que o marxismo é fraco em solução, mas preciso em diagnóstico. O capitalismo é o grande problema político do mundo. Político, e não econômico, porque a economia sempre descamba pra política. É o problema por questões éticas óbvias e principalmente pela catástrofe ambiental. O planeta não se sustenta com a voracidade do capitalismo por mais meia dúzia de décadas, ainda que tentem meter a retórica "green" em toda iniciativa nova. Um capitalismo que recupera mais que destrói não é capitalismo, pois ele é necessariamente predatório. Se não vai destruir o centro, vai destruir a periferia. Eu também não sei que alternativa oferecer no lugar dele, também tenho meu ceticismo em relação ao comunismo, e sobretudo ao anarquismo, mas o que sei, categoricamente, é que a manutenção dele não é essa alternativa, caso queiramos um planeta decente para as próximas gerações. Daí acho louco falar "não dá pra taxar grandes fortunas", ou "não dá pra democratizar os meios de produção", sendo que taxar miserável dá, pagar bilhões pro Elon Musk limpar o carbono que ele mesmo jogou na atmosfera pra produzir os bilhões anteriores dá, só não dá mesmo pra nossa geração tomar vergonha na cara e não ser ela a principal responsável por ser uma das últimas? Isso não é alarmismo. Alarmismo é falar que o Brasil vai virar comunista (o mais próximo que chegou disso, alguém disse, é quando jogou contra a URSS em alguma Copa), falar que a ideologia de gênero quer dominar nossa cultura (li seu esclarecimento, Phillip, mas me refiro à que o bolsonarismo alardeia), que precisamos instituir a escola sem partido (infelizmente não dá pra separar conhecimento científico de perspectivas políticas, King) e todos esses falsos problemas que o debate público coloca. Política não é entendida, tampouco resolvida, com vídeos de 10 minutos ou com regra de três. Billy falou que curte a Marina, que é uma coisa que não costumo ouvir mesmo no meio progressista, mas o meio ambiente não é uma das pautas, é a maior das pautas, porque não sei do que adianta, ó Daenerys, governar maravilhosamente sobre um reino de cinzas.

Daí tem duas coisas que concluí. A primeira é que liberalismo é metafísica. Liberalismo serve só ao burguês (vou usar essa expressão só porque é mais simples do que falar "capitalista super-rico", e nem todo liberal é rico), e o liberal não-burguês (tipo o pequeno empreendedor, ou o cara que ganha até uns 30 ou 50k por mês), mas que foi convencido pelo burguês que ele é burguês também, acha que serve pra ele. As premissas liberais não têm materialidade alguma. Nem a mão invisível do mercado (que enfia o dedo no cu do pobre e o faz rir), nem a natureza humana (que, se existisse, seria como nos povos nômades, ou seja, egalitária), nem a desigualdade natural (diferença é natural, desigualdade não), nem que economia é a parte essencial da política (economia não produz ética), nem que com menos leis trabalhistas o empresário vai dar mais benefícios pro empregado (sic), nem que é o empresário que gera o emprego (o empregado é que gera o empresário!), nem que o capitalismo vive melhor sem o Estado (é só um bando de moleque do Reddit bugar a Gamestop que os farialimers de Wall Street vão choramingar pro grande irmão). Pro liberalismo sustentar seu argumento, precisa tomar essas premissas falsas como base, e elas são - como disse - todas metafísicas.

A segunda é que o conservadorismo (que é diferente de reacionarismo, embora Constantinos e Bolsonaros queiram os equivaler, porque têm vergonha de se assumirem simplesmente reacionários) é basicamente ceticismo político, uma coisa a princípio muito coerente, mas na prática se dobra pro liberalismo. Por isso discordo de quem fala que o importante é o meio termo. Não há meio termo enquanto vivemos nesse paradigma liberal. Todo meio termo ou conservadorismo vai ser conivência educada e desapaixonada com o aspecto voraz do capitalismo.

A terceira é que a perspectiva comunista há de ser estudada a partir de especialistas, e não dos lugares-comuns com os quais o status quo (anticomunista) alimentou o paradigma sob o qual crescemos. E diferenciar comunismo de socialismo e de políticas de bem estar social também é importante. Se a gente diz respeitar a ciência, vamos respeitar também os especialistas sobre China, URSS, Cuba e etc. Se o fundamento sob o qual orientamos nossas visões políticas distintas é a ética, será que realmente é tão dispensável pensar que algumas dessas sociedades, em alguns períodos, conseguiram resolver o problema de habitação, desemprego, analfabetismo, segurança urbana, alimentação, enquanto no capitalismo não se chegou perto disso (não sem a exploração da periferia pra levar capital pro centro, no caso)? O problema ético é que não podermos comprar a marca de celular que desejamos? A gente dá esse valor enorme pra liberdade de consumo porque o básico a gente já tem, mas muitos vizinhos nossos não. Não dá pra ignorar a história de um país que em 3 ou 4 décadas saiu de uma economia rural, quase feudal, e mandou o primeiro homem pro espaço. Ou que a revolução cultural na China abriu caminho pra ela implantar economia de mercado (o que não faz capitalista hoje, a categoria dos especialistas é "socialismo com características chinesas"), ainda assim com o partido comunista, mas outros partidos disputando (mais que nos EUA)? Que não tem como Cuba prosperar com tanta sanção e tanta tentativa de assassinato por todo o governo (autoritário) de Fidel, por parte dos EUA? Tudo tem contexto. E decerto tem muitos esqueletos no armário. Mas o produto da revolução não é só o Ivan Drago, como a gente se acostumou a acreditar.

Que a luta de classes explica muito bem a situação política do mundo desde a revolução industrial é um fato. Não sei como dá pra discordar disso. Dá pra discordar do resto do pacote, mas disso, não. Como disse, liberalismo é metafísica. Quem trabalha com materialismo histórico é o marxismo. O materialismo que o liberal trabalha é um recorte específico dentro dos centros do capitalismo e ignora convenientemente a tragédia da periferia do capitalismo. Só que, assumindo isso, a gente não pode simplesmente se refugiar na ideia de que não pode dar certo, sendo que ser impossível é uma hipótese, enquanto o fracasso último do capitalismo é uma certeza. Não dá pra taxar grandes fortunas? Difícil é, claro. Mas dá. Por que não dá? Não dá pra tomar os meios de produção do bilionário? Bom, na URSS conseguiram. Depois afundou? Sim. Mas deu. Então por que não pensar em formas de corrigir isso sem deixar afundar depois, improvável que seja, ao invés de tratar o improvável mas materialmente possível como se fosse impossível, sendo que impossível é o capitalismo desviar do abismo? Não há crescimento infinito em um planeta de recursos finitos. Eu até diria que é compreensível a gente, privilegiado, que não é tão detonado quanto o pobre pelo liberalismo, evitar essa questão e manter do jeito que está. Mas tendo em vista a catástrofe ambiental no horizonte, da qual todos seremos vítimas, nem mesmo o argumento do egoísmo funciona. Não sei como a galera pode se sentir tão horrorizada com os vários problemas do socialismo e não se sentir igualmente horrorizada com as incontáveis tragédias na periferia do capitalismo. Só faz sentido um rico cusão com condição de fugir do planeta num foguete em forma de pica não se sentir. A bela Escandinávia dá super certo como centro do capitalismo enquanto explora África ou Amazônia.

Enfim. Ia falar menos, já falei muito, então vou cortar. Trazendo isso pro Brasil, eu adoraria ver o sonho do anarquista, do liberal e do comunista (que, no ponto de chegada, é o mesmo: fim do Estado) se realizar. Mas não vai. Anarquia aqui gera outra hierarquia, liberalismo só acentua a desigualdade (acho que foi o Phillip que opôs liberalismo clássico, que tem seus méritos, ao neoliberalismo, mas na conjuntura atual só existe o último), e a revolução seria suprimida por mais da metade da população que não tem a menor ideia do que é socialismo mas morre de pavor. Então acho que o mínimo é, pra começar, colocar o ladrão no poder, que é menos pior que manter o ladrão assassino genocida pedófilo psicopata incompetente e covarde no poder. Também não tenho muitas esperanças com esse legislativo, mas acredito que a maior parte do PL é centrão e acabaria indo com o Lula, por conveniência. Mas serão tempos difíceis. Só que se Bozo ganhar, impossíveis. É importante garantir um mínimo de condições democráticas pra pensar o que fazer. E acho, com todas as letras, que tem que parar com discurso vazio sobre liberdade de expressão, que é o que faz esse algoritmo de fake news alucinar a cabeça de metade da população. Acho que todo mundo pode ter direito de falar caso tenha se preparado direito para falar, e arque com as consequências. O slogan do Monark é ter a porra do podcast mais influente do país e negar que "grandes poderes trazem grandes responsabilidades", se esconder no discurso de que é um "papo de bar" sem topar abrir mão de seu lucro e de sua audiência que o descaracteriza totalmente como papo de bar. E se a voz é livre, o chapéu de alumínio aparece. Galera tem que entender que liberdade não é sinônimo de democracia. Democracia é direitos E deveres, e de um ponto de vista coletivo. Liberdade significa só direitos, e conceder só direitos a essa gente é meio caminho pra eles tirarem os direitos de todo o resto.

Billy Lee Black

Muito bom, Rap! Pra mim é por aí: não sei a solução, não sei o que vai resolver os problemas, mas o mundo movido pelo lucro em que vivemos não vai aguentar. Cada vez mais desgaste natural, mais subempregos e um "novo escravagismo", com uns enchendo o cu de dinheiro e outros trabalhando o dia todo pra não morrer de fome.

Tudo não faz sentido. O trabalhador que mora longe do trabalho e tem dificuldade de locomoção, enquanto ricos moram no centro, muitas vezes sem nem trabalhar mais.

Alimentos sendo produzidos e exportados em peso, enquanto a população passa fome.

Empresas que demitem em massa, não pra não morrerem, mas pra aumentarem seus lucros contratando gente mais nova e mais barata.

E a lista vai longe.

King

Rapp, entendo seus sonhos, mas na prática é apenas isso. Um devaneio com uma sociedade mais próxima da perfeição, que se importa com ética e todos tem empatia para com o próximo. Nem em Cuba é assim. A sociedade é mista. Tem gente de todos os tipos de pensamento, gente altruísta e gente maquiavélica. Gente que joga pelas regras e gente que propositalmente burla as regras, e todos tem que viver em sociedade.

E o espantalho do lugar de fala tb não soluciona o problema da responsabilidade da informação, pois quando vc diz: "Só pode falar quem tem diploma", vc naturalmente reprime todos que tenham um pensamento político diferente do seu. Na minha visão (agora no meu sonho de mundo ideal), todos tem que ter acesso ao conhecimento e as pessoas por si só decidirem o que faz ou não sentido. Vc não precisa mandar prender o cara com chapéu de alumínio, pq todo mundo que olha pra ele sabe que ele é um "fucking cara com chapéu de alumínio". Não passa credibilidade, e ainda assim ele tem a liberdade de falar as alucinações dele. Isso é o importante, dar poder de discernimento as pessoas pra que elas saibam o que tem credibilidade e o que não faz sentido. Infelizmente isso requer uma sociedade com IDH mais elevado, e eu não vou estar vivo pra ver isso no Brasil.

SirPhillip

Quote from: Raptor on Oct 25, 2022, 03:40:17
Oi. Visitei o Baha esses dias e ele me mostrou esse debate. Fiquei muito feliz de saber que (acho) que não tem bolsonaristas aqui, e que mesmo a galera mais liberal é bem razoável, porque o recorte que espero (talvez desatualizado) de uma comunidade gamer é o bolsonarismo ou a idolatria de gente feito Mamãe Falei. Talvez porque a gente tem mais idade? Não sei. Mas li da página 8 pra cá e vi um debate com uma razoabilidade que tá difícil de encontrar em outros lugares.

Aí fiz um textão com quotes, como era de costume, mas ficou imenso e decidi ser sucinto na minha opinião aqui e não direcionar réplicas.

Bom, o bolsonarismo, antes de problema político, é um problema psicológico. Não tem como uma sociedade ter tamanha adesão a essa alucinação (que dia após dia traz argumentos fartos contra) sem ter uma disfunção emocional profunda que faz com que sujeito se identifique com Bozo. Tem um combo de Édipo com ressentimento nisso, carregado por algoritmos. E aí quando a galera mais instruída ataca essas convicções, a reação é de defesa do próprio valor, não se assumir burra ou preconceituosa, então o debate vira só o afã de validar o veredicto prévio a partir de um recorte de informações (não importa o quão superficiais ou falsas que sejam), ao invés de chegar no veredicto após um estudo prévio e metodologicamente orientado. Fico puto pra caralho com as coisas que ouço, mas no fim sempre tem aquela sensação de que, antes de criadoras dessa alucinação, as pessoas são criaturas dela, mais vítimas ainda.

Mas enfim, parece que, sendo esse ponto passivo, o grosso da discussão é sobre sistemas ou ideologias político-econômicas. Eu não sei hoje o que sou, até pouco tempo atrás tinha simpatia por ecoprimitivismo e conservadorismo britânico, mas infelizmente o Brasil não dá perspectiva prática pra gente ficar divagando o ideal, só o possível, e ainda assim o possível é limitado. Mas meu ponto é que o marxismo é fraco em solução, mas preciso em diagnóstico. O capitalismo é o grande problema político do mundo. Político, e não econômico, porque a economia sempre descamba pra política. É o problema por questões éticas óbvias e principalmente pela catástrofe ambiental. O planeta não se sustenta com a voracidade do capitalismo por mais meia dúzia de décadas, ainda que tentem meter a retórica "green" em toda iniciativa nova. Um capitalismo que recupera mais que destrói não é capitalismo, pois ele é necessariamente predatório. Se não vai destruir o centro, vai destruir a periferia. Eu também não sei que alternativa oferecer no lugar dele, também tenho meu ceticismo em relação ao comunismo, e sobretudo ao anarquismo, mas o que sei, categoricamente, é que a manutenção dele não é essa alternativa, caso queiramos um planeta decente para as próximas gerações. Daí acho louco falar "não dá pra taxar grandes fortunas", ou "não dá pra democratizar os meios de produção", sendo que taxar miserável dá, pagar bilhões pro Elon Musk limpar o carbono que ele mesmo jogou na atmosfera pra produzir os bilhões anteriores dá, só não dá mesmo pra nossa geração tomar vergonha na cara e não ser ela a principal responsável por ser uma das últimas? Isso não é alarmismo. Alarmismo é falar que o Brasil vai virar comunista (o mais próximo que chegou disso, alguém disse, é quando jogou contra a URSS em alguma Copa), falar que a ideologia de gênero quer dominar nossa cultura (li seu esclarecimento, Phillip, mas me refiro à que o bolsonarismo alardeia), que precisamos instituir a escola sem partido (infelizmente não dá pra separar conhecimento científico de perspectivas políticas, King) e todos esses falsos problemas que o debate público coloca. Política não é entendida, tampouco resolvida, com vídeos de 10 minutos ou com regra de três. Billy falou que curte a Marina, que é uma coisa que não costumo ouvir mesmo no meio progressista, mas o meio ambiente não é uma das pautas, é a maior das pautas, porque não sei do que adianta, ó Daenerys, governar maravilhosamente sobre um reino de cinzas.

Daí tem duas coisas que concluí. A primeira é que liberalismo é metafísica. Liberalismo serve só ao burguês (vou usar essa expressão só porque é mais simples do que falar "capitalista super-rico", e nem todo liberal é rico), e o liberal não-burguês (tipo o pequeno empreendedor, ou o cara que ganha até uns 30 ou 50k por mês), mas que foi convencido pelo burguês que ele é burguês também, acha que serve pra ele. As premissas liberais não têm materialidade alguma. Nem a mão invisível do mercado (que enfia o dedo no cu do pobre e o faz rir), nem a natureza humana (que, se existisse, seria como nos povos nômades, ou seja, egalitária), nem a desigualdade natural (diferença é natural, desigualdade não), nem que economia é a parte essencial da política (economia não produz ética), nem que com menos leis trabalhistas o empresário vai dar mais benefícios pro empregado (sic), nem que é o empresário que gera o emprego (o empregado é que gera o empresário!), nem que o capitalismo vive melhor sem o Estado (é só um bando de moleque do Reddit bugar a Gamestop que os farialimers de Wall Street vão choramingar pro grande irmão). Pro liberalismo sustentar seu argumento, precisa tomar essas premissas falsas como base, e elas são - como disse - todas metafísicas.

A segunda é que o conservadorismo (que é diferente de reacionarismo, embora Constantinos e Bolsonaros queiram os equivaler, porque têm vergonha de se assumirem simplesmente reacionários) é basicamente ceticismo político, uma coisa a princípio muito coerente, mas na prática se dobra pro liberalismo. Por isso discordo de quem fala que o importante é o meio termo. Não há meio termo enquanto vivemos nesse paradigma liberal. Todo meio termo ou conservadorismo vai ser conivência educada e desapaixonada com o aspecto voraz do capitalismo.

A terceira é que a perspectiva comunista há de ser estudada a partir de especialistas, e não dos lugares-comuns com os quais o status quo (anticomunista) alimentou o paradigma sob o qual crescemos. E diferenciar comunismo de socialismo e de políticas de bem estar social também é importante. Se a gente diz respeitar a ciência, vamos respeitar também os especialistas sobre China, URSS, Cuba e etc. Se o fundamento sob o qual orientamos nossas visões políticas distintas é a ética, será que realmente é tão dispensável pensar que algumas dessas sociedades, em alguns períodos, conseguiram resolver o problema de habitação, desemprego, analfabetismo, segurança urbana, alimentação, enquanto no capitalismo não se chegou perto disso (não sem a exploração da periferia pra levar capital pro centro, no caso)? O problema ético é que não podermos comprar a marca de celular que desejamos? A gente dá esse valor enorme pra liberdade de consumo porque o básico a gente já tem, mas muitos vizinhos nossos não. Não dá pra ignorar a história de um país que em 3 ou 4 décadas saiu de uma economia rural, quase feudal, e mandou o primeiro homem pro espaço. Ou que a revolução cultural na China abriu caminho pra ela implantar economia de mercado (o que não faz capitalista hoje, a categoria dos especialistas é "socialismo com características chinesas"), ainda assim com o partido comunista, mas outros partidos disputando (mais que nos EUA)? Que não tem como Cuba prosperar com tanta sanção e tanta tentativa de assassinato por todo o governo (autoritário) de Fidel, por parte dos EUA? Tudo tem contexto. E decerto tem muitos esqueletos no armário. Mas o produto da revolução não é só o Ivan Drago, como a gente se acostumou a acreditar.

Que a luta de classes explica muito bem a situação política do mundo desde a revolução industrial é um fato. Não sei como dá pra discordar disso. Dá pra discordar do resto do pacote, mas disso, não. Como disse, liberalismo é metafísica. Quem trabalha com materialismo histórico é o marxismo. O materialismo que o liberal trabalha é um recorte específico dentro dos centros do capitalismo e ignora convenientemente a tragédia da periferia do capitalismo. Só que, assumindo isso, a gente não pode simplesmente se refugiar na ideia de que não pode dar certo, sendo que ser impossível é uma hipótese, enquanto o fracasso último do capitalismo é uma certeza. Não dá pra taxar grandes fortunas? Difícil é, claro. Mas dá. Por que não dá? Não dá pra tomar os meios de produção do bilionário? Bom, na URSS conseguiram. Depois afundou? Sim. Mas deu. Então por que não pensar em formas de corrigir isso sem deixar afundar depois, improvável que seja, ao invés de tratar o improvável mas materialmente possível como se fosse impossível, sendo que impossível é o capitalismo desviar do abismo? Não há crescimento infinito em um planeta de recursos finitos. Eu até diria que é compreensível a gente, privilegiado, que não é tão detonado quanto o pobre pelo liberalismo, evitar essa questão e manter do jeito que está. Mas tendo em vista a catástrofe ambiental no horizonte, da qual todos seremos vítimas, nem mesmo o argumento do egoísmo funciona. Não sei como a galera pode se sentir tão horrorizada com os vários problemas do socialismo e não se sentir igualmente horrorizada com as incontáveis tragédias na periferia do capitalismo. Só faz sentido um rico cusão com condição de fugir do planeta num foguete em forma de pica não se sentir. A bela Escandinávia dá super certo como centro do capitalismo enquanto explora África ou Amazônia.

Enfim. Ia falar menos, já falei muito, então vou cortar. Trazendo isso pro Brasil, eu adoraria ver o sonho do anarquista, do liberal e do comunista (que, no ponto de chegada, é o mesmo: fim do Estado) se realizar. Mas não vai. Anarquia aqui gera outra hierarquia, liberalismo só acentua a desigualdade (acho que foi o Phillip que opôs liberalismo clássico, que tem seus méritos, ao neoliberalismo, mas na conjuntura atual só existe o último), e a revolução seria suprimida por mais da metade da população que não tem a menor ideia do que é socialismo mas morre de pavor. Então acho que o mínimo é, pra começar, colocar o ladrão no poder, que é menos pior que manter o ladrão assassino genocida pedófilo psicopata incompetente e covarde no poder. Também não tenho muitas esperanças com esse legislativo, mas acredito que a maior parte do PL é centrão e acabaria indo com o Lula, por conveniência. Mas serão tempos difíceis. Só que se Bozo ganhar, impossíveis. É importante garantir um mínimo de condições democráticas pra pensar o que fazer. E acho, com todas as letras, que tem que parar com discurso vazio sobre liberdade de expressão, que é o que faz esse algoritmo de fake news alucinar a cabeça de metade da população. Acho que todo mundo pode ter direito de falar caso tenha se preparado direito para falar, e arque com as consequências. O slogan do Monark é ter a porra do podcast mais influente do país e negar que "grandes poderes trazem grandes responsabilidades", se esconder no discurso de que é um "papo de bar" sem topar abrir mão de seu lucro e de sua audiência que o descaracteriza totalmente como papo de bar. E se a voz é livre, o chapéu de alumínio aparece. Galera tem que entender que liberdade não é sinônimo de democracia. Democracia é direitos E deveres, e de um ponto de vista coletivo. Liberdade significa só direitos, e conceder só direitos a essa gente é meio caminho pra eles tirarem os direitos de todo o resto.

Po Raptor, legal tu ter aparecido. Fazia tempo que nao te via.

Dei uma pausa na conversa por razões particulares, mas o bom ver de todos aqui é que podemos ter algumas divergenciais pontuais, mas conseguimos divergir sem perder a amizade e o respeito.

O que anda bem dificil nesses tempos sombrios que estamos vivendo. Ou a pessoa pensa exatamente como você, ou ela é um inimigo que você tem que destruir.


night

Eu gosto que o Rapp falou que ia postar um textão e resolveu ser sucinto. :mrgreen:

Só pra rirmos um pouco, vendo esse vídeo aqui, eu lembrei dos sulistas falando que o povo do nordeste não sabe votar lul

https://twitter.com/rodrigodasilva/status/1584982973270855681

Raptor

Oi Phillip, Billy! Hahaha, Night, algumas coisas nunca mudam. E lá vou eu mandar textão pro King, coitada da vista e da paciência dele. Acho que é por isso que venho aqui só em anos bissextos.


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King, sobre meu "sonho". É comum falarem que filosofia é só abstração e não tem nenhuma utilidade pra realidade prática. Mas esquecem que foi a filosofia a mãe da biologia, da química, da ciência moderna, da física, da psicologia e sociologia, em grande medida da matemática e da geometria, e até da programação. Ela suspende fundamentalismos (que é o que o paradigma cultural coloca na gente) pra podermos revisitá-los. Percebi que quando se insiste demais em saltar logo pro "prático", sem refletir sobre essas bases, muitas vezes é sinal de que essas bases estão tão rígidas que a pessoa nem se dá conta de que é só uma base (de muitas possíveis), e não a "realidade prática". Veja. Estou falando de um cenário categórico, verificável, irrefutável: que o avanço do capitalismo, da forma como vai, vai destruir o mundo natural (o humanamente habitável) em poucas décadas. Fato científico. Tem umas aulas ótimas, aliás, sobre como captura de carbono e bloqueio da luz solar, por exemplo, são, esses sim, devaneios, que muitas vezes o liberal segura (metafisicamente) pra não precisar abandonar seu posto diante da realidade implacável: realidade esta de que a única forma de manter nosso planeta habitável nas próximas décadas é parar a emissão e a destruição até ~2050 (ou 2030 para países no nível do mar ou próximos aos extremos climáticos não sumirem), o que significa combater o capitalismo. Anarquismo ou comunismo não são essencialmente ambientalistas. Mudar o regime não resolve por si só o problema. Mas capitalismo é necessariamente antiambientalista. E é, como um paradigma imediatamente derivado da revolução industrial, o grande acelerador do processo.

Então assim, isso não é devaneio, King. É muito simples. E é prático: ou freia o capitalismo no matter what, ou nossa espécie morre. Não defendi nenhuma sociedade próxima da perfeição (e reconheço que outros problemas surgiriam com a mudança de regime), tão simplesmente falei de uma oposição que - improvável, mas não impossível - é necessária se quisermos ter a esperança de evitar nossa destruição. Você pode elencar todos os argumentos de o porque é improvável insistir nisso, que infelizmente o capitalismo é imbatível... mas enquanto você fala isso, tudo que te resta é aproveitar a tua vida e de repente um filho até o começo da vida adulta, e aí depois aceitar o sofrimento subsequente. Se você escolhe não se preocupar com isso, e ao invés, se dedicar a ser feliz agora, já que obteve um sucesso merecido no sistema atual, e aí aceitar que o dano causado será irreversível, beleza, é sua escolha, e é seu direito. Não é a mesma escolha que a minha, pois em minha ética particular sinto que tenho a obrigação de deixar um planeta não tão horrível pras próximas gerações. Éticas diferentes, mas ambas válidas. Só que chamar o prognóstico matemático da ciência, e pragmático/silogístico da filosofia que apresentei, de "sonho", como uma forma de anular o argumento de uma vez só, não está coerente.

Não estou falando de combater o capitalismo pra alcançarmos o reino perfeito das Testemunhas de Jeová. Estou falando que se não tentarmos uma alternativa ao capitalismo, a ciência já deixou claro que o fim é certo.


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Sobre lugar de fala. Há 4 anos atrás eu não dava a mínima pra essa pretensão da universidade. Meu mestrado era crítica a isso, até. Mas aí começaram a surgir na mídia pessoas que negavam a ciência. E aí mais de 600 mil brasileiros morreram. Pessoas que, assistindo um vídeo de 10 minutos, se sentiam no direito de fazer revisionismo histórico sobre dados coletados exaustivamente por pesquisadores por décadas sobre a escravidão. E o responsável por isso periga ser reeleito porque seu simpatizante acredita que o Brasil vai virar a Venezuela, sem nem saber apontar a Venezuela no mapa. Instrução não faz necessariamente uma boa opinião, nem bom caráter. Mas ela é ao menos um fusível anti-imbecilidade.

E sendo bem sincero, mano, muitas pessoas acham que é desrespeitoso um intelectual se colocar na posição de "saber mais" sobre aquele assunto... mas você já parou pra pensar O QUÃO desrespeitoso é uma pessoa não dar ao estudioso esse crédito? Menosprezar e rejeitar o suor do preparo do cara ao ponto de dizer que 4 ou mais anos de estudos rigorosos e sistemáticos têm o mesmo valor que ver 4 punhados de vídeos no Tiktok? O fato de sujeito não perceber o quão desrespeitoso é isso só mostra o quão mais desrespeitoso é. Veja bem, você é diganosticado com um problema cardíaco sério e tem que operar, aí encontra um cirurgião fodão, super competente, mas que cobra R$50000 pela cirurgia; aí te falo "não King, 50000, tá louco? deixa que eu mesmo faço essa cirurgia, cobro só 50 pila, não gasta tudo isso não!"; e você "uai Rapp, você é formado em Medicina e eu não sabia?"; "não, sou não, mas achei aqui uns vídeos no Youtube sobre como fazer, parece fácil, confia em mim". Você aceitaria? Não, lógico que não. Então porque um profissional de humanas tem que aceitar darem pitaco no trabalho dele sem o sujeito ter essa qualificação? Simples: porque a sociedade não respeita as humanidades como respeita a medicina. Trata como conhecimento abstrato e suplementar. Esse preconceito já transborda horrores na hora de fazer essa defesa da liberdade de opinião. Quem é desrespeitado é a gente, nosso suor. "Ah mas o cara vai se sentir mais capaz de falar sobre a ditadura militar do que meu vô que viveu na ditadura só porque o cara examinou arquivos oficiais e fez um mapeamento sistemático de testemunhas...?". Sim, vai! Exatamente. Porque ele É mais capaz. Lamento, mas é. Eu não sei que arrogância há nisso. A diferença entre os interlocutores não é de valor moral ou cognitivo, é de que área escolheu dominar. Há uns meses atrás você me impediu de explodir um CPU e o fez com muita gentileza, paciência e precisão típica daqueles que dominam o assunto por conta do suor empregado nesse domínio e na experiência acumulada. Eu, que sou uma mula nesse assunto, abaixo minhas orelhas de mula e aprendo, confio, sem nenhuma vergonha. A impressão que eu tenho é que as pessoas se sentem chamadas de burras quanto um intelectual contesta suas convicções políticas com argumentos de autoridade, e isso cai como uma ofensa ao próprio valor da pessoa. E aí insistem que a arrogância é do intelectual. Eu tenho certeza que você não teve nenhuma objeção quanto à CPI da Covid, que exigiu CRM ou fonte das fakes que deve ter recebido a favor de tratamento precoce, validou suas condutas de proteção em mais de uma fonte científica. Pandemia é coisa séria e não pode dar espaço pra achismo pseudocientífico. Então porque política pode? Não é séria? Não é ciência? Pelo contrário. É séria, define a vida de milhões de pessoas, e é estudada cientificamente. Então por que eu devo dar tanto valor pra voz do Monark quanto pro Safatle?

Pelo que entendi, sua resposta é: "deixa o Monark falar, vão perceber que ele é um idiota e acabou". E não mano. Não! Como assim um fucking cara com chapéu de alumínio não passa credibilidade? Você não viveu no Brasil nos últimos 4 anos? Eu diria até que SÓ um xarope com chapéu de alumínio passa credibilidade pra outro xarope. E metade do país é xarope. Tem que calar a boca de idiota sim. Gente demais morreu por causa da "opinião" de que vacina é implantação de chip. Conhecimento não é opinião. Opinião pode estar deslocada da realidade, mas conhecimento não. Se eu inventar que te vi violentando uma criança na rua e jogar em uma rede onde tenho público provavelmente você vai ser linchado ao chegar em casa sem nem saber porque. Não tem auto-regulação da voz pela idiotice da fala, e a prova disso é o Brasil hoje, porque o idiota não reconhece o idiota, então os idiotas estarão livres pra se amalgamarem em uma aberração como o bolsonarismo. Roberto Jefferson usou fuzil contra PF (aka STF) na véspera das eleições: você por acaso acha que isso não tem nada a ver com a "liberdade de expressão" do gado ofendendo e inventando mentiras e falsos problemas quanto ao judiciário esse tempo todo? Porra mano. Toda fala com alcance tem efeito. Se eu regulo a entrada de um cara com canivete de unha no banco ou de uma mochila no mercado, o que tem de tão inaceitável em regular as insanidades perversas que essa galera injeta na cabeça de toda a população?

E isso tudo não porque sou a favor da censura. Sou do critério. Tem um critério muito simples pra liberdade: a pessoa escolher se informar direito e se responsabilizar pelo que fala. Ainda que não seja em universidade, com a internet está muito fácil entrar em libgens e cursos bons (não vídeos simplistas) e se capacitar minimamente. E aí assim: escolheu tirar informação do datacu? Cale. Mentiu? Cale. Tratou devaneio como verdade empiríca? Cale. Jovem Pan mentiu? Fecha essa porra mesmo. Todo mundo pode falar, se seguir esses critérios. O ponto é esse aqui: o fetiche liberal da liberdade de expressão não dá essa possibilidade pra mais pessoas do que eu dou; o que ela dá é mais concessões e imunidades e falta de consequências.

Aí que sucinto eu fui. I can´t.  :lol:
Abraços.