Depressão / Síndrome do Pânico / Ansiosidade

Started by King, Nov 27, 2015, 16:34:05

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King

Por lei todo plano de saúde tem que oferecer 12 sessões por ano com um psicólogo. Só que essas 12 sessões normalmente não dão pra nada... Dificilmente a pessoa já chega no psicólogo abrindo toda a vida dela e contando seus segredos mais íntimos. Até a pessoa estabelecer uma relação de confiança com o profissional, já se foram as 12 sessões.

Feles, pra ela, leva ela nem que seja no SUS. Tem psiquiatra e psicólogo lá tb. O chato é que, ao menos aqui em SP, a fila é enorme. Normalmente vc só consegue marcar uma consulta pra ir 3 meses depois, então se vc não tiver condições de pagar, já corre lá e agenda uma consulta enquanto vc tenta arranjar um jeito de fazer particular. Eles fornecem alguns remédios tb, que vc pode pegar no posto mesmo se a receita for de médico particular.

E 2 coisas que o Red comentou e que de fato ajudam um monte pra depressão: Exercícios físicos e tomar sol (preferencialmente pela manhã). Essas 2 coisas que parecem besteira ajudam a regular a produção de algumas substancias no cérebro. Pra ter uma ideia, tem estudos que apontam que a Groenlândia tem índices de suicídio gigantescos pq os caras não tomam muito sol.

Joe Musashy

Quote from: King on Dec 02, 2015, 13:55:07
Pra ter uma ideia, tem estudos que apontam que a Groenlândia tem índices de suicídio gigantescos pq os caras não tomam muito sol.

Não é por isso, porque acontece com a Suécia - que, aliás, é recordista em suicídios no mundo. O problema é viver em um país onde tudo funciona. Você enlouquece, por incrível que pareça. É só pesquisar e ver que o Brasil é considerado o país mais feliz do mundo, mesmo na merda que estamos. É a teoria Matrix - utopia gera caos.

Anyway, continuo recomendando um psiquiatra antes de tudo.


Não discuto com socialista/comunista.

Seifer Almasy

Depressão pode ser problema de tiroide também, eu aconselho a antes de tudo se consultar num clinico geral, não custa nada e pode abreviar muito sofrimento.

night

E como se chega em um diagnóstico de depressão? Psicólogo mesmo? Uma consulta "de rotina" no psicólogo?

Joe Musashy

Quote from: night on Dec 02, 2015, 20:44:11
E como se chega em um diagnóstico de depressão? Psicólogo mesmo? Uma consulta "de rotina" no psicólogo?
Psiquiatra.

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Não discuto com socialista/comunista.

night

Perdão, quis dizer psiquiatra e confundi na hora.

Mas não entendo como o cara chega e te diz, sim, vc tem depressão.

Seifer Almasy

Um psiquiatra é o profissional correto para dar o diagnóstico, mas eu já vi vários casos em que o psiquiatra errou a causa e tratou o paciente indevidamente porque era um problema físico que levava ao quadro de depressão e não psicológico.

Existem outras causas mas prefiro não entrar em detalhes, num local onde a maioria é ateu ou agnóstica de alguma forma.

King

Night, é exatamente do mesmo jeito que se descobre qualquer doença. Vc chega no médico e relata o que tá sentindo. Ele vai analisar o que vc falar, talvez pedir algum exame, e te dar um diagnóstico. Pode estar errado? Pode, do mesmo jeito que vc pode estar com câncer no fígado e o médico dizer que é virose.

Os exames que um psiquiatra pode pedir podem incluir exame de sangue (diversos hormônios, inclusive o da tireoide, como disse o Seifer), eletroencefalograma e dependendo da doença que ele suspeitar até ressonância magnética do cérebro.

Pra depressão normalmente eles perguntam da sua vida numa primeira consulta. Pedem pra vc detalhar vida profissional, familiar, amorosa e tudo mais, fazendo um quadro de como era antes e depois dos sintomas que vc tá. Muitas vezes só com essa conversa eles já conseguem fazer o diagnóstico. É importante nunca mentir pra não correr o risco que receber um diagnóstico errado.

Raptor

Fui procurar psiquiatra duas vezes por transtorno de atenção, cogitando até que eu tivesse algum problema neurológico congênito, porque minha incapacidade de foco é surreal. Depois de uma longa anamnese, que eu gostei muito e onde me senti muito respeitado, ambos declararam que o que eu tinha era... "depressão profunda". Minha mãe e vários parentes tinham, meus antigos são geneticamente cheios de doenças neurológicas como nevralgia do trigêmio e etc, então ok. Me receitaram alguns remédios. Me proibiram de meditar. Perguntei "que tipo" de depressão era, e pra por gentileza me explicarem alguma particularidade de meu quadro pra eu entender melhor, porque evidentemente carências cerebrais afetariam minha rotina e minha rotina teria papel nessas carências. Se é pra resolver, vamos pegar da raiz, né? Disseram "é depressão, não tem tipo". Então fiquei meio decepcionado com a falta de especificidade de diagnóstico de uma ciência que, supostamente, deveria ser específica, particularizante, até milimétrica... e me senti colocado numa vala comum de quem não sabia de fato que raios tava acontecendo comigo e embrulharam num mesmo nome. Tipo chamar todo ataque não-ocidental de terrorismo, tipo chamar todo asiático de chinês. E mesmo que me dessem números/letras queria saber por que RAIOS eu estava manifestando isso. Não tomei remédio nenhum e fui cuidar do meu jeito: rolando na grama com um cachorro.

Não sou contra remédio não, se eu não guentar as pontas da minha crise, tomarei sim. Você tem que primeiro se manter de pé se quiser entender seu problema e esmiuçá-lo, sim. Considero medicina natural imensamente mais eficaz que a ortodoxa, mas a vantagem da ortodoxa é o imediatismo da dessintomatização: se te racharam a cabeça, não é pingar floralzinho que vai resolver, tem que levar pra um hospital e costurar mesmo - quando estabiliza, aí sim. Mesma coisa tarja preta. Usa pra segurar o caos; segurou, aí cavuca com paciência a origem. Se você não estiver conseguindo levantar da cama sem ele, tome sim. Problema é que o cara nunca vai cavucar a origem. No máximo, usa um psicólogo que só vai ser útil à medida em que é sensível, e não estudado, pra te inspirar a ter suas catarses e epifanias. Mas a gente tá condicionado a entender o próprio psicólogo como uma cápsula que você ingere por se dar ao trabalho de simplesmente entrar naquela sala! Não! Psicólogo só te estende a lupa, e você que procura! Quem não quer procurar, volta de novo pro remédio, e aí que entra o círculo vicioso: tomar a falta dele como o problema, ele como a solução; remédio é durex, use quando precisa de remendo, mas sem nunca ignorar que há algo detrás disso tudo escancarando um vazio e desespero no seu âmago. Você não nasceu com um defeito irreparável e está condenado invariavelmente a bombas de nomenclaturas terminadas em -ina porque Deus quis ser um filho da puta com você. Menos ainda "especialmente" com você. Pra mim, depressão não tem tipo mesmo, e é doença só à medida que a gente precisa entender racionalmente que estamos desequilibrados a partir de uma tabela de sintomas e medição de graus, e muitas vezes pra gente se convencer de que nosso buraco é maior que do outro pra se redimir um pouco consigo mesmo. Posso chamar votar no Alckmin de doença, posso chamar encoxar mulheres no metrô de doença - dar nomenclatura, estipular graus, receitar curas. Depressão é uma categoria. Como todo mundo tem açúcar no sangue, e o cara é chamado de diabético só a partir de um referencial. Nossa vida social é tão condicionada, tão anestésica, que às vezes a gente tá infeliz pra caralho e nem se dá conta, porque bem... consegui pagar as contas esse mês... ainda não deu câncer de próstata no meu exame... tô comendo uma razoável mulher... então ok. Daí empurra seus sonhos e angústias com a barriga, achando que a solução da vida é silenciar essas bostas, consumir, cumprir um protocolo social... lógico que uma hora BLAM, o surto vem. Se não for com uma doença física, vem como uma "doença" psicológica.

E a mente é tricky PRA CACETE. Os nós que ela pode te dar são surreais. Vocês tão ligados que faço rituais com enteógenos, e nêgo, os lugares pra onde sua cabeça pode ir são infinitos. Nos rituais, há apenas uma catalização de lugares "abríveis naturalmente" a partir das tuas emoções. Num surto psicológico, você pode se convencer de que jogar ácido sulfúrico nos gatinhos da vizinha é um heroismo moral. O que fazer nessa hora? Se afundar no videogame pra desviar a atenção, ou tomar remédio, ou uma cacetada na cabeça. Maravilha. Mas e depois? O que quero dizer é que os caminhos da mente são determinados pelo QUÍMICO do remédio ou pelo EMOCIONAL, sendo o MENTAL apenas uma via intemediária, onde rola a treta. Tô meio com pressa e num teclado minúsculo pra escrever o monte que eu escreveria aqui, mas é o seguinte, gente. Eu conheço mais ou menos a personalidade de todo mundo aqui, e a depressão é inevitável, é a vala comum de todos nós se ninguém se arrisca saltar fora. Somos, em geral, pessoas com síndrome de poder, frustrados de não sermos mais tão jovens, com um índice de introspecção social, ficando mais calvos e mais gordos, vendo que a vida vai passando e a gente não se sente feliz, que não nos tornamos aquilo que queríamos ter nos tornado quando proseávamos aqui com toda aquela energia há 14 anos atrás. O mundo também não mudou junto, senão pra pior, e a gente vai aprendendo a se contentar em só empurrar a vida com a barriga. A diferença entre a gente é que um reage a isso com niilismo, outro com revolta política, outro com revolta teológica, outro com vitimismo, outro com humor negro, outro com otimismo falso, outro em cima do muro achando todos os outros errados... mas o mesmo problema. Depressão não é uma doença senão no plano teórico porque TODO MUNDO a tem em algum grau. Se desemboca em pânico ou bipolaridade depende da constituição física, neurológica, cultural e emocional da pessoa, mas é o mesmo problema.

Mas eu acho sim que tudo isso tem solução, que começa justamente tomando uma na cara pra você ver a condição em que se encontra e não aceitar mais colocar esse chapéu de doente na própria cabeça. Eu acho que a gente sempre tem que parar em silêncio por alguns minutos e lembrar da gente criança, momento que a gente era mais sincero conosco. E pensar o que a gente queria, como a gente era, o que pulsava. A vida soterrou isso de lama, não arrancou. Resgata isso, que você vai ver que, no fundo, depressão é a lama. Eu aposto um garage kit do Seifer SUX banhado a ouro que se vocês todos largarem essa vida escravizante da urbe e do sistema e resolverem ser mais simples, morando numa chacrinha com quem vocês amam, e com os confortos que gostam mas sem pompas, e (como o Red bem disse) sem pensar muito, vocês saem desse quadro e encontram uma maturidade e sabedoria que toda essa via sacra incansável de viver nesse ecossistema hostil dos homens não permite. A sociedade - e as cobranças e julgamentos que a bordeiam - é um câncer, nêgo, um câncer. Não o mundo ou o serumano.

Billy Lee Black

Esse lance dos compromissos sociais, e a forma como os outros e a sociedade em nossa volta molda nossas vidas e enterram nossas vontades é foda pra caralho mesmo.

É impressionante como pessoas próximas podem te jogar pra baixo com poucas palavras. O pior é que elas acham que estão te fazendo um favor, te "dando a real", mas não imaginam o quanto a cutucada te afeta.

Queria ter uma mente de aço, pra ignorar todas as pressões e cobranças idiotas que parentes e amigos fazem.

Joe Musashy

Rapp, você sabe que vai rolar um ultramegablaster reply, mas hoje eu não tô bem. Eu sei o que dizer, mas não consigo. Sei lá.

Deixa eu relaxar um pouco a mente e a gente troca uma ideia. Desculpe mesmo.


Não discuto com socialista/comunista.

Raptor

Billy, mas sabe o que eu acho? Que tem que ser uma coisa de dentro, se resolver intimamente com você primeiro e pronto. Acho que isso que blinda tua emoção pra infinidade de mísseis que as pessoas lançam, porque não há mesmo como impedir esses disparos antes. Todo mundo tá no buraco e vai querer disparar a responsa no outro, mesmo disfarçado no discurso de uma "preocupação". E quando você tá bem contigo, parece até que tem uma "física" que faz com que as pessoas que te criticariam passam a inconscientemente se sentirem meio idiotas de te criticarem. Sei lá, a maioria aqui me conhece há tempo pra caralho e sabe que eu tinha (e em muito ainda tenho) uma tendência a tirar satisfação com cada vírgula contrária que chega. Mas cada vez mais isso diminui, à medida que vou me compreendendo e até vendo beleza na disparidade. A verdade é que na minha época revoltadinho briguentinho eu era é um inseguro com vergonha de mim mesmo, e conforme fui aceitando algumas coisas parece é que as pessoas também foram me aceitando naturalmente, e eu aceitando elas, sem ninguém precisar mudar ninguém.

Suave Joe, precisa desculpar não. Quiser trocar uma ideia (aberta a blaster re-replies haha) fala.

Dark

Maduro o tema e o relato de vocês para falarem sobre isso. Acho que o passo de querer externar para compartilhar o que se passa/passou já é algo.

Entendendo que tem dois tipos de situação:

1) Quem tem ou criou algum déficit metabólico por trauma ou natureza;
1.a) Seria re-inserir em dosagens administradas o beta-bloqueadores ou outros estimulantes para que a "carga" volte a ficar equilibrada - tratamento medicamentoso;
1.b) Estimular atividades que proporcionem a geração ou estímulo natural disto.

2) Quem não tem déficit metabólico, mas o cérebro começa a apontar para a depressão ou algum transtorno como caminho;
2.a) Nesse caso, o tratamento seria o "desembaraço" psicológico da situação através de fatos, conversas, raciocínio e lógica?

Entendi que nada impede que os tratamentos de 2 também sejam incentivador com 1, mas no core são situações diferentes e os medicamentos vão tentar quimicamente desembaraçar a situação.

Temos um programa "Fique Ok" onde trabalho que, caso qualquer pessoa identifique uma pessoa que precisa de ajuda (ou a própria pessoa ligue lá), podemos ligar para uma central e eles nos orientam como agir com a pessoa e entram em contato ou visitam a pessoa. São psicólogos por telefone e eles adotaram isso devido ao alto índice de afastamento e suicídio das áreas.

Só que as orientações para nos agirmos com as pessoas são abrangentes: "somente escute, deixe a pessoa falar", "não implique julgamento ou opinião", etc.

Sei que não tem fórmula mágica, mas vocês que viveram ou vivem situações assim, como ajudar? O que falar? Como agir? Ou não agir?


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Initium et finis

King

QuoteA verdade é que na minha época revoltadinho briguentinho eu era é um inseguro com vergonha de mim mesmo, e conforme fui aceitando algumas coisas parece é que as pessoas também foram me aceitando naturalmente, e eu aceitando elas, sem ninguém precisar mudar ninguém.

Isso faz muito sentido, já que uma vez que vc se aceita e aceita os demais (ou ignora), vc reduz as críticas a pessoa. Sem críticas a pessoa não se sente ameaçada, logo ela abaixa o arsenal dela quando vai falar contigo. É a velha história do "se 1 não quer 2 não brigam". E digo que é sempre a crítica que causa isso pq a maioria das pessoas tem dificuldade pra lidar com isso, com o conflito de ideias.

QuoteSei que não tem fórmula mágica, mas vocês que viveram ou vivem situações assim, como ajudar? O que falar? Como agir? Ou não agir?

Isso varia de pessoa pra pessoa, imagino. No meu caso, quando eu tava em crise a pessoa podia falar o que quisesse pq eu tava simplesmente ignorando tudo, muitas vezes deixando a pessoa falando sozinha. Pra ir no psiquiatra minha mãe teve que me tratar feito criança, me pegando pelo braço, botando num carro e me levando lá. Eu simplesmente não me importava.

Joe Musashy

Quote from: Dark on Dec 04, 2015, 07:18:36
Sei que não tem fórmula mágica, mas vocês que viveram ou vivem situações assim, como ajudar? O que falar? Como agir? Ou não agir?

Fui ver teu tópico dopado, então não sei se vai ajudar tanto. Na verdade, não tenho momentos sem remédios por causa da doença.

O que eu posso te dizer é, caso a pessoa se retire durante uma crise leve, acompanhe, fique perto, conforte fisicamente, MAS NÃO DIGA UMA PALAVRA SEQUER. Canso de repetir isso. Há tipos de crise: ansiedade e pânico. Se é ansiedade, tomo um clonazepam 0,25 e espero passar. Se for pânico, você e quem estiver junto se isolem com a pessoa, pois a coisa pode ficar feia. Não violenta, mas a pessoa pode rasgar roupa, gritar, chorar copiosamente, deitar onde for. Aí o clonazepam vai sendo ministrado até que a crise pare.

Minhas crises agora são leves. Escondo da família a maioria, luto internamente para ela não se manifestar. Tenho muitos impulsos para me cortar, e já tenho uma coleção no braço esquerdo. Mas já tive crise de acabar com almoço de domingo. As fortes são incontroláveis. Você não sabe o que está acontecendo, mas teu corpo entra em parafuso. Você chora como se tivesse perdido um ente querido, anda sem rumo, pede desculpas o tempo todo pelo constrangimento. Essa é punk. Mas, novamente, acompanhe, monitore, sem dizer uma palavra. Deixe o copo esvaziar. Falar algo errado pode mudar o tipo de crise e aí você vai ver merda de verdade. Vi uns vídeos de Discovery Channel e trecos que a crise evoluiu tão rápido por conta de uma besteira dita que os operadores da emissora tiveram que fugir.

Como eu disse, nenhuma tem o fator violência, então pode se aproximar se a pessoa se sentir confortável. Só que estou falando da minha, grau 3 (para o governo, CID F32.2). A grau 4 (F32.3), que tem fator psicótico, é internação. Sei de casos - não é amigo de amigo; família mesmo - que a pessoa pegou uma faca para matar a outra em um surto.

Mais uma vez (e não é pra aparecer; eu só odeio cometer erros quando escrevo), ignorem os erros. Ainda estou me recuperando da overdose e estranhamente um item seriamente afetado foi a digitação.


Não discuto com socialista/comunista.