[Review] Shadow Hearts: From the New World (PS2)

Started by Baha, Jul 12, 2018, 01:51:36

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Baha



Shadow Hearts: From the New World, que eu NÃO vou chamar de Shadow Hearts 3, foi lançado originalmente em 2005 para o Playstation 2, ainda produzido pela Nautilus, mesma desenvolvedora dos anteriores.

Enredo

Background

Shadow Hearts: From the New World se passa em 1929, no mesmo mundo dos anteriores, mas dessa vez tendo como palco as américas. O jogo começa em Nova Iorque, onde o protagonista Johny Garland abriu uma "agência de detetives" onde ele trabalha com seu mordomo Lenny. Johny é um jovem que perdeu os pais e lida com um problema de amnésia afetando uma fatia de sua vida.



Tudo muda quando ele finalmente recebe um trabalho de alto nível, que envolve localizar um criminoso. Ao começar suas investigações, Johny acaba se envolvendo com eventos que afetam seu próprio passado e até o destino do mundo...

Comentários

A principal razão de eu não usar "Shadow Hearts 3" como título alternativo para o jogo é a forma como ele se coloca como uma mistura entre continuação e spin off da série. Ao contrário de Shadow Hearts 2, que era uma continuação direta de Shadow Hearts, contando inclusive com o mesmo protagonista, esse jogo apresenta uma história totalmente separada. Apesar de se passar no mesmo mundo e sofrer algumas influências dos eventos dos anteriores, essas referências e ligações são poucas e aparecem principalmente em side quests.



A ambientação em si, trocando Ásia e Europa pelas américas, traz uma enorme variedade temática muito bem vinda à série, com culturas e localidades bastante diferentes de tudo o que havia sido apresentado até então. Uma grande parte do jogo se passa nos Estados Unidos, com o restante envolvendo Brasil e localidades selvagens e turísticas da américa central e ilhas.

Onde a série parece ter se perdido foi na dosagem do seu tom. Se o humor em Shadow Hearts 2 era por vezes exagerado, aqui ele praticamente toma os holofotes para si, e as partes sérias da história é que acabam parecendo desconexas e deslocadas do todo. Isso acaba sendo o principal ponto de distanciamento da identidade da série, ficando difícil conceber a coexistência desse jogo no universo do primeiro Shadow Hearts, ou pior ainda, Koudelka.



De fato, a atmosfera como um todo é de longe a mais alegre e colorida da série. Enquanto dava para contar nos dedos os céus azuis em Shadow Hearts 1 e 2, aqui é comum ver locais bonitos e paradisíacos em plena luz do dia.

Sobre o enredo principal em si, ele apresenta alguns problemas sérios de ritmo, com uma boa parte da progressão central sendo bem desinteressante. Durante muito tempo seus personagens ficam correndo atrás dos vilões sem conseguirem de fato realizar algo relevante, atuando mais como expectadores dos eventos. Não que esse seja um problema incomum: Esse é o tipo de coisa de que até FF7 e 9 sofriam. Os próprios vilões, apesar de algum carisma, possuem pouca presença e propósitos muito nebulosos. É quase como a versão vilanesca do grupo de Wild Arms 3, que fica seguindo em frente sem ter certeza do que quer fazer da vida.



Os personagens do seu grupo não chegam ao nível do Shadow Hearts 2. Alguns são excessivamente bizarros E com personalidade insuportável (Mao), outros parecem estar lá por estar (Natan, quase um Kurando 2.0) e o protagonista é bem fraquinho. Quase uma situação Tidus/Yuna novamente. Ainda vou dizer que no final é um grupo mais interessante que o de Shadow Hearts 1, mas por pouco.

Gráficos

O estilo gráfico segue a mesma linha de Shadow Hearts 2, e de forma geral a qualidade é similar. A quantidade de cenários claros e coloridos é bem maior, mas fora isso o que pude notar é uma menor consistência na qualidade visual. É mais comum ver texturas ou modelos "econômicos" nos cenários aqui. Provavelmente foi um preço pago para que o jogo coubesse inteiro em um disco só, sendo que Shadow Hearts 2 ocupava dois.



Som

Da mesma forma que no jogo anterior, os diálogos importantes nas cutscenes são falados, e o restante é apenas texto. A dublagem segue mais ou menos o mesmo padrão de qualidade, mas o número de vozes estranhas pareceu um pouco maior.

A trilha sonora em si me pareceu menos interessante que a do jogo anterior, e eu pude notar uma variedade menor de músicas que chamassem a atenção.

Gameplay

Exploração

O gameplay geral segue quase à risca a fórmula de Shadow Hearts 2. Dentre as diferenças na exploração, a principal é que agora não há mais um minimap nas dungeons, mas é possível ver um mapa geral das áreas já exploradas.



Uma coisa que eu estranhei na movimentação é que agora ficar preso na geometria do cenário enquanto tenta explorar pareceu muito mais comum. Eu não me lembro de ter esse problema em SH2, mas aqui é bem frequente.

O sistema de magias mudou novamente. Agora cada personagem pode equipar um "stellar chart", que representa uma constelação do zodíaco e é basicamente um conjunto de slots onde você encaixa "stellars", que são efetivamente as magias. Existe um vendedor que te permite customizar os slots disponíveis em cada chart.



A maioria dos sistemas restantes, bem como o funcionamento do judgement ring, mantêm o que havia sido feito em Shadow Hearts 2.

A história de Yuri se encerrou em SH2 e ele não está presente no jogo, mas a "co-protagonista" Shania aqui é quem tem o poder das fusões. É a menor quantidade de fusões da série, e agora cada uma recebe upgrades separados em determinadas características, novamente usando Soul. O conceito do "cemitério" não existe para Shania, e tudo é feito de dentro dos menus.

As dungeons continuam não muito longas, mas algo na estrutura delas e/ou na frequência dos encontros aleatórios fez com que em algumas partes do jogo eu começasse a ficar irritado com os combates, algo que nunca aconteceu no anterior.



A quantidade geral de conteúdo opcional é comparável à de Shadow Hearts 2, inclusive mantendo a tradição da série de abrir uma boa parte desse conteúdo só quando você pisa na última dungeon.

O equilíbrio da estruturação do conteúdo opcional ficou devendo aqui também. Houve algumas side quests em que eu realmente precisei grindar e farmar para poder fazer, algo que nunca foi necessário nos anteriores. A quantidade de trabalho sem graça envolvido nas coisas pareceu maior aqui.

Combate

As batalhas também seguem o padrão de SH2, mas contêm algumas melhorias bem vindas.

A preparação de combos agora não depende mais de posicionamento dos personagens, mas de um novo recurso chamado "stock", que pode chegar até 2. Funciona de forma semelhante a Xenosaga 2: Gastar stock te permite realizar combos e/ou ações duplas na rodada, mas aqui o acúmulo de stock é feito causando e recebendo dano, como uma barra de limit break. Isso deixa a prearação dos combos mais trabalhosa e delicada quem em SH2, mas ainda permite que as batalhas transcorram de forma dinâmica, evitando os erros de Xenosaga 2.



A interface durante os combos também está mais prática, com um ótimo indicador de altura dos inimigos a todo momento, juntamente com indicadores equivalentes explicando as alturas possíveis para cada ataque/magia que você pretende encaixar.

Na parte central do jogo o equilíbrio de dificuldade dos combates avançou de forma diferente de SH2. Os inimigos estavam ganhando HP mais rápido do que meus personagens se tornavam poderosos, fazendo os combates ficarem mais demorados e o uso de combos cada vez mais imprescindível, inclusive em batalhas normais. Na reta final, com as side quests e tudo mais, esse padrão retrocedeu.



Conclusão

No final das contas eu terminei o jogo com meu save contabilizando 50 horas, menos que as 63 de SH2, mas poderia ser ainda menos se não fosse pelo grinding que eu citei. Vale mencionar que aqui ficou faltando uma das side quests, que exigiria ainda mais grinding e eu acabei não tendo paciência.

Infelizmente esse jogo, além de terminar de se afastar da identidade da série, também comete alguns tropeços em diversas áreas, e se mostrou uma experiência bem mais fraca que Shadow Hearts 2, apesar do seu potencial. Mesmo assim foi bem legal ver as localidades americanas sendo exploradas.



A série como um todo foi algo que valeu muito a pena conhecer, com sua ambientação diferenciada e seu sistema de judgement ring. Uma pena que acabou e que aparentemente nunca mais veremos algo semelhante. O grandioso Roger Bacon vai deixar saudades.

Galeria de Screenshots


Billy Lee Black

Esse jogo é muito bom!

SH2 era melhor, mas gostei mesmo assim desse.

Os cenários são muito legais. O Deserto de Sal da Bolívia entrou pro meu rol de lugares do mundo pra conhecer só por causa desse jogo. 

E lembro que a música de combate da primeira metade do jogo era muito massa! Mas, de fato, fora essa, não lembro de nenhum outra música marcante.

Strife

Ele realmente não é o 3, desde o início foi desenvolvido como spin-off. Mesmo assim eu realmente não gostei da mudança drástica de tom dele, ainda que o 2 já tinha perdido parte da atmosfera pesada do 1, ainda se encaixava naquele clima, com as partes de humor sendo um contraste esquisito. Aqui, como falou, é o contrário, com o humor pastelão tomando conta e as partes mais dark sendo exceção. Mas ainda gostei, especialmente pelo sistema de batalhas, mas é bem aquém dos dois primeiros pra mim.

O grupo dos personagens é fraco mesmo. Gosto do Johnny, da Shania, do Natan e dos vilões, e o resto podia ficar sem.